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Presidente da Bolivia renuncia por pressão das ruas e dos militares
A renúncia, neste domingo (10) do presidente boliviano, Evo Morales, devido a protestos contra sua contestada reeleição e da perda de apoio das Forças Armadas, foi comemorada nas ruas do país, em meio a um vácuo de poder e à denúncia de Morales de uma ordem de prisão contra ele, o que as autoridades negam.
“Renuncio a meu cargo de presidente para que (Carlos) Mesa e (Luis Fernando) Camacho não continuem perseguindo dirigentes sociais”, disse Morales em Cochabamba, em discurso televisionado, referindo-se a líderes opositores que convocaram protestos contra ele, desde o dia seguinte às eleições de 20 de outubro.
O primeiro presidente indígena da Bolívia, forjado politicamente como sindicalista cocaleiro, defendeu seu legado que, segundo ele, levou progresso econômico e social a um dos países mais pobres da América Latina.
“Estamos deixando a Bolívia com muitas conquistas sociais”, disse em sua mensagem de renúncia o presidente de 60 anos.
Morales disse que não abandonaria seu país, mas o México se ofereceu para recebê-lo “conforme sua tradição de asilo”, escreveu o chanceler Marcelo Ebrard, que falou em “20 personalidades do Executivo e do Legislativo da Bolívia” asiladas na embaixada mexicana na capital boliviana.
O presidente da Câmara de Deputados, Víctor Borda, e o ministro de Mineração, César Navarro, foram alguns dos dirigentes que renunciaram durante o dia depois que suas casas foram atacadas por opositores.
A saída de Morales precedeu as primeiras detenções de membros da entidade eleitoral que certificou sua questionada vitória no primeiro turno.
Mais tarde, Morales denunciou que há uma ordem de prisão contra ele.
“Denuncio ao mundo e ao povo boliviano que um oficial da polícia anunciou publicamente que tem a instrução de executar uma ordem de prisão ilegal contra minha pessoa”, tuitou Morales, que anunciou também que “grupos violentos” atacaram sua casa.
O líder direitista Luis Fernando Camacho, que liderou o movimento pela renúncia de Morales, confirmou a ordem de prisão.
“Confirmado!! Ordem de apreensão para Evo Morales!! A polícia e os militares o estão procurando no Chapare”, uma província do departamento (estado) de Cochabamba (centro), escreveu Camacho.
“Os militares o tiraram do avião presidencial e (ele) está escondido no Chapare, vão pegá-lo! JUSTIÇA!”, acrescentou.
No entanto, em declarações à TV privada, o general Yuri Vladimir Calderón, comandante nacional da Polícia, negou as declarações de Morales.
“Quero fazer a população boliviana saber que não existe ordem de apreensão alguma contra funcionários do Estado como Evo Morales e os ministros de seu gabinete”, afirmou Calderón neste domingi.
AFP