África
Presença do M23 e RDC no Qatar representa oportunidade para travar violência, diz analista
As autoridades congolesas e os negociadores do grupo rebelde do M23, apoiados alegadamente por Ruanda, chegaram a Doha, Qatar nesta quinta-feira, 10, para conversas a fim de firmar um cessar-fogo e encerrar meses de combates que levantaram temores de um conflito regional mais amplo, segundo informações avançadas pela Reuters.
Em reacção, o analista em relações internacionais Adalberto Malu disse que a chegada dos membros do RDC e M23 à Doha, constitui um desenvolvimento de relevo no contexto do conflito que assola o leste da RDC.
O encontro ocorre numa altura em qua a escalada militar do M23 intensificou as suas tenções regionais, onde que para além de resultar em invasões das grandes cidades ricas em recursos mineiras, contribuiu também à crise humanitária, colocando o Movimento 23 de Março numa posição táctica.
De acordo com o analista, a escolha de Doha para ser o palco das negociações reflecte a busca por soluções, numa altura que há avanço rápido do M23, oferece uma oportunidade para travar as violências.
No entender de Adalberto, esta negociação dependerá de vários factores críticos. Apesar de não haver até ao momento confirmação dos delegados ruandeses, mas seria um indicador de aumento de um entendimento sustentável.
Caso não haja sucesso nas negociações, o risco de uma guerra mais ampla permanece latente e as consequências serão devastadoras para a estabilidade dos grandes lagos, disse.
Membros de ambas as delegações confirmaram a sua presença na capital do Catar e disseram que houve uma reunião presencial na quarta-feira, mas ainda estavam discutindo a estrutura das negociações. Dois funcionários do governo e dois representantes rebeldes pediram anonimato, pois os mediadores do Qatar solicitaram que não falassem com jornalistas.
O Qatar convocou uma reunião no mês passado entre o presidente do Congo, Felix Tshisekedi, e o seu homólogo ruandês, Paul Kagame. Foi o primeiro encontro entre os dois líderes desde que o M23 lançou sua ofensiva actual em Janeiro. O impulso subsequente para negociações de paz é o esforço mais recente para pôr fim ao conflito de anos, cujas raízes remontam ao genocídio de Ruanda em 1994.