Bastidores
Presença de José Eduardo dos Santos será decisivo no julgamento de Valter Filipe
O Tribunal Supremo recusou este ano, o pedido do ex-governador do Banco Nacional de Angola (BNA) Valter Filipe, que queria arrolar como testemunhas o ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos, e outros 10 nomes, alguns ligados ao anterior e actual Executivo, no processo da transferência ilegal de 500 milhões de dólares através do banco central.
Especialistas ouvidos pelo Correio da Kianda, convergem, como sendo crucial, a presença do Ex presidente José Eduardo dos Santos no tribunal para efeitos de confirmar, se o antigo governador do BNA, recebeu ou não uma autorização para transferir os 500 milhões de dólares, uma transferência que levou à demissão do então governador do Banco Nacional, Valter Filipe , a 27 de Outubro de 2017.
“Era quase impossível os Ex colaboradores não estarem sujeitos as orientações do Ex presidente da República José Eduardo dos Santos, não pelo facto de serem meros auxiliares do titular do poder executivo, mas pela praxis que se tornava num imposição. Sendo que não havia quem rejeitasse nas mesmas condições tais ordens. Disse ao Correio da Kianda, um dos especialista em direito Constitucional.
Outro especialista em direito penal, diz que “Valter Filipe terá sido ,” vítima ” de uma agenda com interesses financeiros de grupos influentes a volta do Ex presidente José Eduardo dos Santos.
“Se por um lado incorreu num acto ilícito, este só foi possível de acordo as alegadas imposições verificadas”.
No entanto, toda a operação, de acordo com ainvestigações, foi autorizada pelo então presidente José Eduardo dos Santos, para favorecimento ilícito do seu filho Zenú e os cúmplices deste, nomeadamente Jorge Gaudens Pontes Sebastião.
Em última instância, foi o então chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, quem ordenou a Valter Filipe que procedesse à transferência dos 500 milhões de dólares.
Para os especialistas, caso se confirme o envolvimento de Eduardo dos Santos no processo, o julgamento não terá “pernas para andar”, até 2022, altura em que o ex-presidente deixa de estar em fórum privilegiado.