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PRA-JA excluído da nota do Grupo Parlamentar da UNITA que cita empenho do BD e Filomeno Vieira Lopes

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Quadros da UNITA e do PRA-JA estão em forte tensão política e a sensação quase generalizada é de que a rutura não é mais uma questão de se, mas de quando deverá ocorrer. Por exemplo, o Correio da Kianda não conseguiu identificar algum representante oficial do PRA-JA nas jornadas parlamentares da UNITA decorridas entre os dias 26 e 30 de Março, e o balanço das actividades tornado público relega para o anonimato a figura do PRA-JA no quadro da FPU.

O Partido do Renascimento Angolano-Juntos por Angola (PRA-JA) foi excluído da nota de balanço das XII Jornadas Parlamentares da UNITA, lida em conferência de imprensa nessa segunda-feira, 31 de Março, pelo presidente do Grupo Parlamentar dos maninhos, Liberty Chiyaka. A nota a que o Correio da Kianda teve acesso cita o Bloco Democrático (BD) e o seu presidente Filomeno Vieira Lopes.

Até aqui nada anormal para quem desconhece o laço entre as três organizações políticas e as suas lideranças.

É que a UNITA, o PRA-JA e o BD são partidos parceiros no âmbito da Frente Patriótica Unida (FPU), uma plataforma política não formalizada, por via da qual estes partidos participaram às eleições-gerais de 2022, num formato em que os dois últimos figuraram na lista da UNITA.

De 2021, período em que as três formações políticas rubricaram o acordo parlamentar e de governação no quadro da FPU, até Outubro de 2024, altura em que o Tribunal Constitucional (TC) legalizou o PRA-JA, depois de cinco anos a chumbar seus recursos, a UNITA e o PRA-JA mantinham um casamento aparentemente perfeito.

A UNITA transformara-se numa rocha protetora de Abel Chivukuvuku, que chegou a ser o seu candidato a vice-Presidente da República, acusando as autoridades de persegui-lo com manipulação de áudios, imagens, vídeos e etc.

E em todas as actividades de uma ou de outra formação política, os líderes desses partidos, nomeadamente Adalberto Costa Júnior (UNITA); Abel Chivukuvuku (PRA-JA); e Filomeno Vieira Lopes (BD), eram vistos juntos. Era evidente a importância que Abel Chivukuvuku e Filomeno Vieira Lopes atribuíam a Adalberto Costa Júnior, na qualidade de líder da FPU, onde os dois outros desempenham o papel de vice-coordenadores.

Porém, com a legalização do PRA-JA as coisas mudaram, e vários militantes da UNITA, do topo à base, passaram a ver Abel Chivukuvuku como um traidor.

A maior tensão é travada nas redes sociais. Militantes da UNITA, que antes acusavam as autoridades de perseguir Abel Chivukuvuku com vídeos e áudios manipulados, começaram a partilhar esses ‘ficheiros’ nas redes sociais, sendo que muitos têm mesmo sugerido à direcção do partido para que promova uma rutura agora com o PRA-JA, para que a indefinição não se arraste até as eleições previstas para 2027.

E embora a direcção do partido não tenha ainda tornado pública a sua visão em relação às ocorrências dos últimos meses, há a sensação de que a liderança da UNITA anda indignada com o PRA-JA e Abel Chivukuvuku, e isso ficou patente nas declarações de Liberty Chiyaka, no programa “Gozatv”, de Tiago Costa, bem como nas mais recentes jornadas parlamentares.

A nota da UNITA lida em conferência de imprensa que serviu para a apresentação do balanço das actividades, termina com o Grupo Parlamentar do partido a agradecer o Gabinete da Assembleia Nacional em Cabinda, face ao apoio institucional. Agradece igualmente à Comissão Organizadora das XII Jornadas Parlamentares, aos Secretariados Provinciais e Municipais, aos membros, amigos e simpatizantes da UNITA e ao Bloco Democrático, bem como aos jornalistas, motoristas e todo pessoal de apoio.

Os agradecimentos, como expressos na nota, foram extensivos particularmente à “liderança da Frente Patriótica Unida, na pessoa do presidente da UNITA e do presidente do BD”, “pela motivação e pelo apoio político, material e financeiro para o êxito das XII Jornadas Parlamentares”.

“Deus abençoe Angola, o seu povo, a sua diversidade sociológica e cultural”, termina a nota lida por Liberty Chiyaka.




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