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Politica

PR garante a Xi que Angola apoia China na integração de Taiwan

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Complexa situação da conhecida ”Ilha rebelde” chinesa revela-se no primeiro ponto de discórdia entre Luanda e Washington. Entretanto, embora se posicione ao lado de Pequim, o Chefe de Estado angolano apela a uma resolução pacífica à semelhança do que ocorreu com Hong Kong e Macau.

O Presidente João Lourenço, que efectuou uma visita de três dias a China, assegurou ao seu homólogo Xi Jinping, que Angola ”defende o princípio de uma só China e Taiwan como parte integrante do território chinês”.

Apesar do apoio manifestado, o Chefe de Estado angolano, que discursava no quadro do encontro com Xi Jinping e membros dos governos dos dois países, no Grande Salão do Povo, apelou para que a solução da já velha questão territorial seja pacífica, a ”exemplo do que aconteceu com Hong Kong e Macau”.

De referir, que a complexa situação da ilha de Taiwan pode vir a desencadear num conflito militar global, caso a região, como já tencionara, venha a proclamar independência em relação a China, por um lado, por outro lado, a própria China está a perder a paciência, e quer rapidamente integrar a ilhar no seu espaço governativo.

O imbróglio remonta a 1949, quando os militantes do Partido Nacionalista Chinês fugiram para a Ilha de Taiwan, após terem perdido a guerra civil contra os militantes do Partido Comunista. A organização política hoje liderada por Xi Jinping tomou toda a China, mas escusou-se em perseguir os nacionalistas que acabaram por se autogovernar.

Actualmente, Taiwan, que tem uma capital própria, o Taipé, possui mais de 24 milhões de habitantes, e figura no Top 20 das maiores economias do mundo, à frente de Angola e demais países africanos e europeus, segundo dados de 2018.

É responsável por 80% da produção mundial de chips e semicondutores, que são materiais utilizados para a condução de correntes eléctricas, a matéria-prima para a produção dos chips que integram os mais diversos aparelhos electrónicos como automóveis, smartphones, televisores, videogames e computadores.

Diferente da China Continental, a Ilha é uma democracia plena em que vigora o semipresidencialismo.

Portanto, preenche os requisitos para atrair o mundo ocidental. E Washington já fez saber que não ficará a olhar, caso Beijing ataque Taipé.

A posição de Angola manifestada por João Lourenço em relação ao assunto, marca a primeira divergência com os Estados Unidos da América (EUA) em matéria de política internacional, desde o início do enlace entre os dois países em 2022.

Guerras russo-ucraniana e Médio Oriente

No seu breve discurso, o Presidente João Lourenço disse congratular-se com o facto de Angola e a China comungarem dos ”mesmos princípios e valores em matéria de política externa”, sobretudo no que ”diz respeito à necessidade do respeito e cumprimento do direito Internacional plasmado na Carta das Nações Unidas”, os ”princípios da não agressão, do respeito da Independência e da defesa da Soberania e das fronteiras dos Estados, da resolução pacífica dos conflitos, da não ingerência nos assuntos internos dos Estados”.

E apelou para o fim da guerra de agressão russa contra a Ucrânia.

Embora ciente do apoio diplomático de Xi Jinping à Rússia, João Lourenço sublinhou a necessidade de se garantir a soberania de Kiev.

”Como acontece em todas as guerras, ela deve terminar necessariamente à volta de uma mesa de conversações para se alcançar a paz definitiva e se garantir a soberania nacional da Ucrânia”, disse terminantemente, o Presidente angolano.

O conflito entre Israel e o Hamas não foi esquecido pelo estadista angolano, que considerou como solução do conflito a criação de um Estado palestino.

”Em África, vivemos um mau momento em que o terrorismo coabita com as mudanças constitucionais na África Ocidental e Central, no Corno de África e em dois países da SADC, o que é deveras preocupante”, referiu.

“As guerras na Europa e no Médio Oriente fizeram praticamente esquecer o conflito no Sudão, país à beira de uma crise humanitária sem precedentes com um elevado número de baixas humanas que pode aumentar com a fome e doenças, deslocados internos, refugiados e grande destruição de infra-estruturas”, acrescentou João Lourenço.

Agradecimentos ao apoio de Beijing

A China foi, após o fim da longa guerra fratricida angolana, a única potência que estendeu apoio a Angola. Em solo chinês, João Lourenço não esqueceu este facto, e agradeceu imenso a Xi Jinping.

”Mais uma vez reiteramos os nossos agradecimentos pela atitude ímpar do governo chinês, quando num momento deveras difícil após o fim imediato do conflito armado em Angola, quando tínhamos a necessidade premente de avultados recursos financeiros para a reconstrução nacional do nosso país devastado pela guerra prolongada, foi a China o único país do mundo que veio verdadeiramente em nosso socorro para a reconstrução das principais infra-estruturas e construção de novas igualmente importantes para o desenvolvimento económico e social de Angola”, lembrou o Titular do Poder Executivo angolano, tendo também agradecido a China pela cedência face ao desejo de Angola de alteração do modelo do pagamento da dívida.

”Na sua presença, senhor presidente [Xi], aproveitamos a oportunidade para, de todo o coração, agradecer o quanto a China nos foi útil no combate à pandemia da COVID-19, por ter sido quem nos forneceu em grandes quantidades os equipamentos de laboratório, de biossegurança e vacinas que nos ajudaram a salvar o maior número possível de vidas humanas”, lembrou ainda o presidente, tendo referido que as relações bilaterais de amizade e de cooperação económica entre Luanda e Beijing ”são boas e exemplares”.




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