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Economia

Pós-covid: Angola tem a terceira pior previsão de recuperação económica do mundo para 2021

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Angola tem a terceira pior previsão de recuperação económica no pós-pandemia no mundo, segundo um estudo da revista britânica The Economist, divulgado em Dezembro último. Entretanto, o economista Marlino Daniel Sambogue aponta algumas das medidas que devem ser adoptadas pelo executivo angolano para contrapor a situação.

De acordo com um artigo publicado na última semana de Dezembro de 2020, Angola tem a terceira pior previsão de crescimento económico do mundo com -0,1% a atrás da Síria e da Venezuela cujo crescimento dos seus PIB´s para 2021 é de -1,7% cada, no contexto da recuperação pós-pandemia.

Apesar de a Síria (Ásia) e Venezuela (América Latina) terem as piores previsões, em termos de comparação por regiões, a África subsariana é a que tem os indicadores de crescimento económico mais baixos, entre os 81 países analisados pela revista económica, com uma média de 1,6% paralelamente a austráliásia.

As melhores previsões fazem referência ao continente asiático com 5,7% e a Europa ocidental com 5,2%, seguidas da Europa do Leste (3,8%), América Latina (3,7%) e América do Norte (3,6%). A contribuir para este quadro da possível recuperação das economias ocidentais estão a china com o seu PIB previsto para 7,3% de crescimento, para a Ásia. A Europa (4,5) tem a Alemanha como principal motor para a recuperação, já que o PIB daquele país está estimado em 4,6%. O Perú (9,2%), a Argentina (6.0%), a Colômbia (4,4%), EUA (3,6%) e o Brasil (3.0%) são os países que poderão contribuir para que a economia do continente americano cresça em 2021. As previsões da revista The Economist apontam para a América do Norte 3,6% de crescimento do PIB regional, ao passo que a América do Sul é perspectivada em 3,7% de crescimento do PIB.

No último escalão de contribuição para a recuperação, está o continente africano (1,7%), onde se destaca a Líbia (20,9%), seguido da Etiópia, seguida da Etiópia (3,1%), Camarões (2,5%), Egipto (2,3%) a África do Sul (1,5), Egipto (2,3%), e Nigéria (1,0%). Em termos globais, para a África Subsaariana, o crescimento esperado será na ordem dos 1,6%.

Ao olhar para os dados da revista britânica The Economist, que divulgou os dados de previsão, o economista Marlino Daniel Sambongue antevê a entrada da economia mundial para a fase de recuperação “ou seja a economia mundial sairá de uma situação recessiva de 4,4% em 2020, para uma situação expansiva de 5,2% em 2021”. Mas chama atenção que estes dados não incorporem as mais recentes notícias sobre a situação pandêmica mundial, com o surgimento de uma nova estirpe da covid-19. Contudo é uma previsão de recuperação positiva, que considera alinhada às perspectivas apresentadas, em Outubro de 2020, por organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional.

No caso específico de Angola, os dados são, para Marlino Daniel Sambongue, ainda uma preocupação “porque poderemos entrar no sexto ano consecutivo de recessão económica, ou seja com perda de riqueza. Somos um país de rendimento médio baixo e temos vindo a assistir uma redução significativa do rendimento per capita que, com as estimavas do PIB de 2020, se situa ao nível de 2006. Ora uma possível recessão em 2021 significa que teremos um acentuar da redução do rendimento per capita e uma situação ainda difícil para as famílias”.

O economista entende que a recuperação económica de Angola “está ainda condicionada ao comportamento do sector petrolífera”, cujo seu peso nas contas nacionais está situado “perto de 50% ao longo deste período recessivo da nossa economia”.

Esta recessão, entende Marlino Daniel Sambongue, deve-se essencialmente a queda na produção de Petróleo, pelo peso que esta ainda tem na nossa estrutura económica. Por isso, para 2021 o processo de recuperação da economia nacional enfrenta duas contrariedades: “O comportamento do sector petrolífero e a evolução da situação sanitária mundial, na medida em que um agravamento da situação pandêmica mundial, com a expansão da nova estirpe da covid-19, pode atrasar a recuperação da economia mundial, reduzir a procura por petróleo, provocando uma redução não apenas no preço do barril de petróleo, que hoje se situa nos 50 dólares, como também uma possível redução na oferta de petróleo dos países produtores”, prevê o académico.

“A acontecer haverá um impacto ainda maior sobre a nossa economia e sobre a execução do Orçamento Geral do Estado”, disse Marlino Daniel Sambongue, lembrando que Angola está a executar o Programa de Financiamento Ampliado com o FMI até Dezembro 2021 no quadro do Programa de Estabilização Macroeconómica, baseada na sustentabilidade das Finanças públicas, redução da inflação e flexibilidade cambial. “O alcance destes objectivos de estabilidade macroeconómica, enquanto condição preliminar para a geração de crescimento económico não tem sido fácil”.

Como solução, o economista sugere que o executivo deve encarar como seu “grande desafio do nos próximos tempos” a alteração do actual modelo de desenvolvimento Económico baseado ainda nas riquezas da natureza para um modelo de desenvolvimento económico baseado no trabalho e na produção, tendo em vista a integração da nossa economia, na economia africana e mundial e elevar o rendimento per capita nos próximos 5 anos dos actuais 3.000 para 4.500 dólares dos Estados unidos.

Outra aposta necessária, segundo o economista, é a democratização da economia que deve estar “focada na oferta, mediante inovações institucionais, tecnológicas e de financiamento”, com “aposta na qualificação do trabalho e do trabalhador, a aposta nas micro, pequenas e médias empresas no acesso as práticas produtivas, às tecnologias e aos financiamentos, se mostram fundamental”.

E isto passa, segundo o economista, pela democratização das oportunidades económicas e sociais que devem estar, no actual contexto “focada na oferta agregada, mediante inovações institucionais, tecnológicas e de financiamento”, com “aposta na qualificação do trabalho e do trabalhador, a aposta nas micro, pequenas e médias empresas no acesso destas às práticas produtivas, às tecnologias e ao financiamento e aposta numa educação para a cidadania,”

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