Sociedade
Populares temem aumento do custo de vida com encerramento do Mercado da Mabunda
Em reacção ao encerramento do Mercado da Mabunda, em Luanda, os populares entrevistados pelo Correio da Kianda afirmam que esta medida poderá criar vários constrangimentos nas famílias, considerando que aquele mercado informal tem servido de sustento, venda e compra de diferentes produtos de primeira necessidade.
A nota divulgada pelo Governo Provincial de Luanda informa que no âmbito da visita de constatação da Comissão Nacional de Luta Contra a Cólera, foi realizada uma avaliação de risco das condições higiénicas, sanitárias e ambientais no Mercado da Avó Mabunda, tendo sido constatado que “o local apresenta alto risco para a transmissão da doença”.
Em função dessa constatação, o GPL decidiu encerrar temporariamente o referido mercado, a partir da meia-noite desta sexta-feira, 28, como medida emergencial de contenção e prevenção do surto.
Sílvio Bemba, ex-vendedor naquele mercado informal, assegurou que o alastramento dos casos da cólera deve-se ao consumo da água imprópria, por isso, disse não concordar com a medida, uma vez que a mesma poderá levar muitos jovens ao desemprego. Sílvio acredita que a aposta no saneamento básico pode reduzir os elevados casos da doença, sem necessariamente encerrar o mercado.
“Não acredito que a praia da Mabunda está aumentar o caso da cólera, é o consumo da água imprópria, muitos jovens vão lá para conseguir o ganha-pão para família”, disse.
Ana Agostinho, dona de casa, lamentou pelo facto, pois pelo que segundo descreve, aquele mercado informal, conhecido como um dos mais que “oferta” dá aos compradores em termos de peixe, o seu encerramento temporário pode custar a esta dona de casa, “uma reviravolta no seu cardápio”.
A oferta de peixe deste mercado tirou para esta dona de casa a prática da famosa sociedade “junção de valores monetários com mais de uma pessoa para compra de um bem ou produto”.
“Na praia fica barato porque as vezes eu só tenho cinco mil, com este valor consigo comprar na praia, diferente dos armazéns que a caixa de peixe custa trinta e sete mil a quarenta mil kwanzas, às vezes não tenho este dinheiro fica difícil”, ressaltou.
Para Pedro José, o governo deve continuar a apostar mais nas vacinas para o corte dos casos e melhorar o saneamento básico.
Entretanto, a decisão do Governo Provincial de Luanda foi considerada pelo Presidente da ONG Minuto Verde-Quercus Angola, Rafael Lucas, como uma medida assertiva, pelo facto daquele mercado não observar as condições exigidas de saneamento básico o que constitui um perigo para a saúde pública.
“No âmbito da saúde ambiental, o mercado apresenta os principais problemas como águas paradas, excesso de lixo, carência de educação ambiental desde os vendedores aos compradores”, disse.
O ambientalista sugeriu às entidades competentes um plano estratégico no processo de encerramento do mercado de modo a não comprometer o exercício económico da população.
Defendeu ainda a aposta no processo de sensibilização e educação ambiental das vendedoras do mercado para que tenham conhecimento e habilidades, de modo a influenciar na tomada de decisões.
“É importante que o governo de Luanda, leve em consideração determinados elementos de modos a não prejudicar a população que vive única e exclusivamente da venda dos produtos que são comercializados naquele mercado”, argumentou.