África
População do Kivu-Sul vivia numa “selva”, diz líder do M23
Um dos líderes do M23, Bernard Maheshe Byamungu, recentemente sancionado pelo Conselho de Segurança da ONU por abuso de direitos, reuniu-se defronte ao gabinete do governador do Kivu-Sul, com a população local, tendo afirmado que viviam numa selva.
“Vamos limpar a desordem deixada pelo antigo regime”, disse Byamungu, aos jovens que formavam uma pequena multidão que em reação incentivava os rebeldes do M23 a “irem até Kinshasa”, capital da República Democrática do Congo, a quase 1.600 quilômetros de distância.
O Ministério das Comunicações da RDC, em uma declaração nas redes sociais, reconheceu pela primeira vez que Bukavu havia sido “ocupada” e disse que o governo nacional estava “fazendo todo o possível para restaurar a ordem e a integridade territorial” na região.
Um morador de Bukavu, Blaise Byamungu, disse que os rebeldes circularam por toda a cidade que havia sido abandonada por todas as autoridades e sem nenhuma acção do governo.
“O governo está esperando que eles tomem outras cidades para agir? É covardia”, acrescentou Byamungu.
Medos de escalada regional
Ao contrário de 2012, quando o M23 tomou Goma rapidamente retirou-se após pressão internacional, analistas dizem que os rebeldes desta vez estão de olho no poder político.
A luta na RDC tem conexões com um conflito étnico de décadas. O M23 diz que está defendendo os tutsis étnicos na RDC. Ruanda alegou que os tutsis estão a ser perseguidos por hutus e antigas milícias responsáveis pelo genocídio de 800.000 tutsis e outros em Ruanda em 1994. Muitos hutus fugiram para a República Democrática do Congo após o genocídio e fundaram o grupo de milícias Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda.
Ruanda diz que o grupo de milícias está “totalmente integrado” ao exército congolês, que entretanto, nega.
O presidente da RDC, Félix Tshisekedi, cujo governo afirmou no sábado que Bukavu permanecia sob seu controlo, alertou sobre o risco de uma expansão regional do conflito, escreve o Africanews, na sua edição desta segunda-feira.
As forças da RDC estavam a ser apoiadas em Goma por tropas da África do Sul e em Bukavu por tropas do Burundi. Mas o presidente do Burundi, Evariste Ndayishimiye, apareceu a sugerir nas redes sociais que seu país não retaliaria na luta.