Lifestyle
Participantes defendem maior divulgação do “Estórias do Embondeiro”
Os participantes da última edição do projecto ‘Estórias do Embondeiro’, defendem maior divulgação e dinamização do evento, para permitir que mais famílias se desloquem ao Centro de Ciência de Luanda com suas crianças para ouvir os contos a serem narrados.
Margarida Almeida é uma jovem estudante residente na zona baixa de Luanda. Participou pela primeira vez, convidado por um colega, e disse ter adorado a experiência, tendo prometido fazer do Centro de Ciência de Luanda seu local de lazer e aprendizagem.
“Deu para ver que afinal tem muita coisa boa aqui. Até sala de cinema aqui tem. A partir de amanhã vou passar a vir aqui. Amanhã vou passar todo o dia aqui e explorar mesmo bem o centro, afirmou.
Marco Sousa, encarregado de educação pela primeira vez esteve, no sábado 25 de Janeiro no Centro de Ciência de Luanda, e levou consigo a família. Além da esposa e dos filhos, levou também primos e sobrinhos e crianças vizinhas. Para ele o evento “foi super interessante”.
“Esse tipo de iniciativas tem de ser levada com maior seriedade, tem que haver mais divulgação também, porque no fundo estamos a voltar às nossas raízes, à nossa história que foi suprimida durante anos”.
Durante os momentos em que a escritora Pulqueria Van-Dunem narrava os contos, Marco Sousa era uma das pessoas mais atentas na plateia.
Ao Correio da Kianda, no final do evento, revelou que “todos nós saímos daqui emocionados com as estórias super interessantes, com toda essa conjuntura, e também do próprio espaço, a organização, estava tudo espetacular”.
Quando questionado sobre a razão da sua presença no CCL, o jovem encarregado de educação começou por dizer que inicialmente foi por curiosidade, por ter ouvido algumas vezes falar do ‘Estórias do Embondeiro’.
“Nunca tive oportunidade de vir, é a primeira vez e, como tudo, movido pela curiosidade, agora estou predispostos a vir todos os finais dos meses, para todas as ‘Estórias do embondeiro'”, sublinhou.
Pulqueria Van-Dunem, que mais uma vez foi convidada a substituir o escritor José Luís Mendonça, teve a responsabilidade de narrar os contos. Samba, Hebo, o Coelho e o Macaco e a Onça e o Coelho foram os quatro contos do dia.
A narradora explicou que as duas primeiras estórias falam de experiências de mulheres caracterizadas pela teimosia, bem como das entidades do imaginário angolano, como os dikixi, os instrumentos usados para o exercício dos poderes sobrenaturais.
As outras duas falam da amizade, “que é um dos sentimentos mais importantes, mas que nós vemos nos dias de hoje, mostram que devemos ter muito cuidado”.
As estórias, de acordo com Pulqueria Van-Dunem, chamam a reflexão sobre a lealdade e a fidelidade.
“O coelho, com a sua esperteza mostrou que é um ser muito mau”, sublinhou.
Pulqueria mostrou-se rigozijada com o facto de as crianças terem participado de forma activa durante a narração dos contos.
“Gostei o facto de terem estado atentos às estórias, porque se não estivessem não conseguiriam participar. Para além da participação, o mais interessante foi a qualidade da participação, dos juízos que as crianças fizeram relativamente ao comportamento dos personagens das várias estórias”, afirmou.
Desafiada a analisar o nível e a qualidade da participação das crianças, a escritora, que narrou contos extraídos da obra Missosso, de Óscar Ribas, disse que os pequenos que fizeram intervenção são muito inteligentes e com elevada capacidade de interpretação e de comunicação.
Sobre o evento, Pulqueria Van-Dunem disse ser de extrema importância, pelo facto de o Centro de Ciência de Luanda estar a valorizar a oratura angolana, como forma de garantir a sua preservação.
“A Oratura, a oralidade é ciência. Nós estamos no Centro de Ciência. Se nós não registarmos estes elementos de forma nenhuma, eles perdem-se. E quando alguns elementos se perdem é uma parte da nossa identidade cultural que se perde”, finalizou.