Parentalidade em debate: um terço dos jovens europeus não quer ter filhos

Um terço dos jovens europeus já não quer ter filhos, e 70% defende maior acesso à preservação da fertilidade como forma de garantir liberdade de escolha. A conclusão é do Barómetro Future 2025, um estudo europeu promovido pela farmacêutica Merck, que ouviu mais de 30 mil jovens em 12 países da Europa.

Segundo o inquérito, a decisão de não ter filhos está fortemente associada à insegurança económica, à instabilidade social e às prioridades pessoais e profissionais, que atualmente moldam os projetos de vida da juventude europeia. O tradicional ideal da parentalidade já não é consenso: embora muitos ainda queiram ser pais, o desejo é adiado  ou até abandonado.

Entre os participantes, sete em cada dez (70%) acreditam que o acesso a técnicas como a criopreservação de óvulos e espermatozoides ainda na juventude lhes permitiria decidir com mais autonomia se e quando ter filhos, sem pressão do tempo biológico. E 77% defendem que o tema da fertilidade deveria ser debatido abertamente, a fim de combater o estigma e promover a inclusão de diferentes escolhas reprodutivas.

Apesar de 80% afirmarem ter boa literacia sobre métodos contracetivos, apenas 67% se consideram bem informados sobre fertilidade, e quase metade (49%) nunca discutiu o assunto com um profissional de saúde. Mais preocupante ainda: 33% revelam ter pouca ou nenhuma informação sobre os fatores que afetam a capacidade de engravidar.

O Barómetro Future, criado em 2021, analisa anualmente as expectativas e os receios das novas gerações europeias, com foco em áreas-chave como inovação, saúde, sustentabilidade e decisões sobre parentalidade. Os dados agora revelados apontam para uma urgência em melhorar a educação sexual e reprodutiva, mas também para uma mudança cultural profunda, onde a parentalidade deixa de ser vista como destino e passa a ser uma escolha individual e consciente.