Sociedade
Papa Francisco reconhece resistência dos bispos da CEAST em abençoar casais do mesmo sexo
Em uma entrevista publicada esta segunda-feira, 29, o Papa Francisco disse que os africanos são um “caso especial” na oposição dos bispos e de muitas outras pessoas no continente à homossexualidade. Entretanto, disse estar confiante de que, com excepção dos africanos, “os críticos de sua decisão de permitir bênçãos para casais do mesmo sexo acabariam por entender”.
Em causa está o comunicado dos bispos de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST) divulgado no fim de Dezembro, dizendo que não irão abençoar “casais irregulares”, em resposta aberta contra o Papa Francisco.
Em comunicado, os bispos manifestaram “perplexidade” com a decisão do Papa tendo decidido que essas bênçãos não serão dadas em Angola e São Tomé porque “criariam um enorme escândalo e confusão entre os fiéis”.
As bênçãos foram permitidas no mês passado em um documento chamado Fiducia Supplicans (Confiança Suplicante), que causou um amplo debate na Igreja Católica, com uma resistência particularmente forte por parte dos bispos africanos.
“Aqueles que protestam com veemência pertencem a pequenos grupos ideológicos”, disse Francisco ao jornal italiano La Stampa, citado pela Reuters. “Um caso especial são os africanos: para eles, a homossexualidade é algo ‘ruim’ do ponto de vista cultural, eles não a toleram”, argumentou, afirmando que em geral, confia “que gradualmente todos serão tranquilizados pelo espírito da declaração ‘Fiducia Supplicans’ do Dicastério para a Doutrina da Fé: ela visa incluir, não dividir”, disse.
Segundo o Fiducia Supplicans (Confiança Suplicante), os padres podem dar uma bênção a casais do mesmo sexo fora de qualquer missa e sem contudo que isso signifique reconhecer um casamento.
Os bispos da CEAST consideraram, no entanto, que mesmo isso iria criar problemas dentro dos fiéis católicos africanos.
Segundo o Papa Francisco, quando as bênçãos são dadas, os sacerdotes devem “naturalmente levar em conta o contexto, as sensibilidades, os lugares onde se vive e as formas mais apropriadas de fazê-lo”.
Bispos de Angola e São Tomé recusam-se abençoar “casais irregulares”