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Papa Francisco nomeia 20 novos cardeais durante reunião de Consistório

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O Papa Francisco nomeou, este sábado, mais de duas dezenas de cardeais dos cinco continentes, dos quais 16 têm menos de 80 anos, durante o seu oitavo Consistório, realizado, ontem, em Roma, Itália.

Na sua alocução, o bispo de Roma considerou que os novos cardeais representam “o fogo que o Senhor veio jogar sobre a Terra, o fogo de Jesus”.

O Papa Francisco realçou que “a proximidade, compaixão e ternura farão com que muitos gozem da presença de Jesus vivo entre nós”, acrescentou.

No rito, Francisco impôs o barrete cardinalício a todos os novos cardeais, entregou o anel e atribuiu-lhes o Título ou Diaconia.

Muito eloquente no discurso, Francisco reforçou a fé e todos aqueles que compõem a Igreja, dos jovens aos mais idosos. “O lar da memória, a brasa dos mais velhos é muito importante, as famílias reúnem-se em torno deles e permite que possamos ler o presente à luz dos eventos passados e fazermos escolhas sábias”, observou.

Em relação ao fogo emanado sobre o amor de Jesus, Francisco explicou que os cardeais devem amar a Igreja em seus dois universos: no dia-a-dia, entre os menores, e, também, nas questões que envolvem “os grandes desse mundo”, como classificou.

De acordo com o site CançãoNova, o Papa centrou muito de seu discurso no papel diplomático exercido pelos cardeais, que são “a grande diplomacia e a pequena coisa pastoral, isto é, o coração de um cardeal”, asseverou diante dos novos cardeais.

O bispo de Roma, durante a cerimónia, elencou cada um dos novos cardeais que, seguindo a procissão, juraram fidelidade e obediência ao Papa e à Igreja Católica.

Canonizações de beatos

Após a nomeação dos novos cardeais, o Consistório seguirá para o voto de canonização do Beato João Batista Scalabrini, bispo de Piacenza, fundador da Congregação dos Missionários de São Carlos e da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo, mais conhecido como Scalabrinianos, e Artêmides Zatti, leigo professor dos Salesianos.

Visitas de congratulações pós-Consistório, seguindo os protocolos, os novos cardeais ainda saúdam os fiéis de Roma e os visitantes de seus países de origem para as habituais visitas de congratulações pós-Consistório. Estas visitas realizam-se na Sala Paulo VI e no Palácio Apostólico.

Por fim, o cardinalato reúne-se amanhã e terça-feira, respectivamente, para o aprofundamento do Praedicate Evangelium e, finalmente, na terça-feira, às 17h30, celebram a missa junto ao Papa Francisco, na Basílica de São Pedro.

O que é o Consistório? 

É a reunião dos cardeais com o Papa. O termo vem do latim consistorium, a junção das palavras con (junto) e sistere (parar ou ficar firme), que remonta à Roma Antiga, para designar o conselho privado do imperador formado por colaboradores mais próximos.

Para entender o significado de Consistório, é preciso compreender quem são os cardeais. A palavra cardeal deriva do latim “cardo/cardinis”, em português (gonzo ou eixo), algo que gira, neste caso, em torno do Papa.

Os cardeais não apenas têm a função de eleger o novo Papa, num eventual conclave, como, também, constituem o corpo de conselheiros que colaboram com o Bispo de Roma na sua missão como pastor universal da Igreja.

No passado, o Papa tinha como colaboradores alguns presbíteros, responsáveis pelo cuidado das mais antigas igrejas de Roma, diáconos do Palácio de Latrão e os sete departamentos de Roma, e os bispos suburbicários, ou seja, das dioceses próximas de Roma. A partir dos colaboradores, nasceu o Colégio Cardinalício, com suas três ordens internas: os cardeais-bispos, os cardeais-presbíteros e os cardeais-diáconos.

Desde o século XII, começaram a ser incluídos no Colégio Cardinalício os prelados residentes fora de Roma, que, ao se tornarem cardeais, passaram a ser, simbolicamente, membros do clero da Diocese de Roma.

Por haver esse vínculo histórico, os cardeais recebem o título de uma das igrejas romanas. Os cardeais-bispos são titulares das igrejas suburbicárias de Roma: Ostia, Albano, Frascati, Palestrina, Porto-Santa Rufina, Sabina-Poggio Mirteto e Velletri-Segni.

Apesar de serem sete igrejas, o número de cardeais-bispos é seis, pois, a titularidade da igreja de Ostia é reservada ao decano do colégio de cardeais. Os cardeais-diáconos cuidam das diaconais da cidade, residindo nela e servindo à Cúria Romana; e os cardeais-presbíteros são, em geral, bispos e arcebispos de diversas dioceses do mundo.

O cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, ordenado pelo Papa Bento XVI, no Consistório de 24 de Novembro de 2007, ao explicar o significado do Colégio Cardinalício, comparou-o ao actual Colégio de Consultores que cada bispo possui em sua diocese.

“Nesse sentido, na falta do Papa, seja por morte ou renúncia, esses conselheiros devem se reunir em Conclave para escolher um novo Bispo de Roma”, explicou o cardeal.

Segundo o Direito Canónico, os Consistórios dividem-se em ordinários e extraordinários. Nos primeiros, são convocados todos os cardeais, ao menos os que se encontrem em Roma, a fim de serem consultados sobre certos assuntos importantes, em regras ocasionais, ou para a realização de alguns actos soleníssimos. Um dos casos relacionados com um Consistório como esse, por exemplo, foi aquele em que o Papa Emérito Bento XVI anunciou a renúncia ao pontificado, no dia 11 de Fevereiro de 2013.

Já o Consistório extraordinário, é celebrado quando as necessidades peculiares da Igreja ou assuntos mais importantes o aconselharem, e são convocados todos os cardeais. Um exemplo desse foi o convocado pelo Papa Francisco, em Fevereiro de 2014, para tratar do tema da família, em vista dos sínodos dos bispos daquele mesmo ano e de 2015.

Quanto ao Colégio Cardinalício, até antes deste Consistório, era composto por 206 cardeais, dos quais 116 são eleitores e 90 não eleitores. Estes últimos, por ultrapassarem os 80 anos, não participam de um eventual conclave. Mas, agora, são 227 purpurados, dos quais, 132 são eleitores.