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PAM alerta que Ciclone Freddy é sinal de crise climática
O ciclone tropical Freddy, que atingiu o Malawi, Moçambique e Madagáscar em 12 de Março, matando mais de 500 pessoas e deslocando cerca de 600.000, é um “alerta” para a crise climática, alertou hoje o Programa Alimentar Mundial (PAM).
Numa declaração, a coordenadora da agência das Nações Unidas no Malaui, Rebecca Adda-Dontoh, salientou que “a destruição e o sofrimento” que testemunhou no sul do Malaui é “o rosto humano da crise climática global”.
A dirigente acrescentou que são necessários mais fundos para sustentar a assistência alimentar às vítimas do Freddy.
O ciclone tocou terra na região Sul do país em 12 de março e deixou o Malaui a 17 de março, depois de também ter atingido Moçambique e Madagáscar.
O número de mortos no Malawi devido ao impacto da tempestade subiu para 511, segundo o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA, na sigla em inglês), e mais de 563.000 pessoas foram obrigadas a abandonar as suas zonas de residência.
Pelo menos 533 pessoas continuam desaparecidas, disse o OCHA, avisando que “embora as chuvas generalizadas tenham parado, continuam a ocorrer emergências localizadas”.
O PAM, com sede em Roma, disse que precisará de pelo menos 27 milhões de dólares nos próximos meses para prestar assistência humanitária ao meio milhão de pessoas deslocadas e apoio logístico ao governo local.
A agência da ONU afirmou que a catástrofe, que intensificou a fome na região, reflete “os perigos de acontecimentos climáticos intensos que provavelmente se agravarão com as alterações climáticas”.
O Malaui, “um dos países menos responsáveis” pela crise climática devido à sua baixa industrialização, “está a sofrer alguns dos seus piores efeitos”.
O PAM, laureado com o prémio Nobel da Paz em 2020, afirmou que juntamente com os seus parceiros estão a trabalhar para assegurar que os alimentos e outros bens essenciais cheguem aos sobreviventes e vítimas de ciclones, apoiando ao mesmo tempo os esforços de busca e salvamento.
“O ano de 2023 será muito difícil para muitas pessoas e o país precisará de apoio significativo”, reforçou o director nacional do PAM no Malaui, Paul Turnbull.
“É fundamental que a comunidade internacional dê um passo em frente. Este é um apelo ao mundo para que não ignore a crise climática”, vincou.
O Freddy matou um total de 605 pessoas no Malaui, Moçambique e Madagáscar.