Politica
“Países em desenvolvimento estão a sofrer impacto sem precedentes dos múltiplos desafios globais”
No seu discurso durante a Cimeira do Grupo dos 77+China que decorre esta sexta-feira, 15, em Havana, Cuba, o Presidente da República, João Lourenço, destacou o impacto “sem precedentes” do actual contexto internacional sobre os países em desenvolvimento.
“Esta cimeira decorre num contexto internacional de elevada complexidade política, económica e social e de desigualdades entre as nações, em que os países em vias de desenvolvimento acabam por ser os que mais sofrem o impacto sem precedentes dos múltiplos desafios globais”, disse.
O Presidente angolano, terceiro a discursar na cimeira dos líderes mundiais do Sul Global, avançou ainda que tal facto “condiciona, em larga escala”, as acções desses países, “e as perspectivas de resolução dos problemas que lhes permita sair do estágio actual em que se encontram e alcançar, deste modo, a plena implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.
O Chefe de Estado angolano que esta quinta-feira, 14, esteve reunido de forma restrita com o seu homólogo, Miguel Díaz-Canel continuou, no seu discurso, a expor que “o agravamento das tensões e conflitos geopolíticos, a aplicação de medidas e iniciativas unilaterais de coerção e proteccionismo, o aumento exponencial da pobreza extrema, o peso crescente da dívida extrema, o peso crescente da dívida externa, a fragilidade dos sistemas de saúde e de educação, a insegurança alimentar e energética, a volatilidade dos mercados, o fosso digital que se expressa pela grave dificuldade de acesso à Internet, bem como os efeitos adversos das alterações climáticas e da degradação ambiental, entre outros, constituem sérios obstáculos ao progresso das populações desses países e representam uma ameaça crescente à estabilidade dos nossos Estados”.
Entretanto, prosseguiu, “perante inúmeros desafios, os países em desenvolvimento não ficaram de braços cruzados à espera de soluções milagrosas para os problemas que enfrentam, apesar de encontrarem limitações que decorrem de um contexto internacional com evidentes desequilíbrios que penalizam sobretudo os nossos países”, informou, listando uma série de investimento que Angola está a fazer, sobretudo no sector da ciência, tecnologias de informação e comunicação, “como estratégia para enfrentar os desafios da diversificação e crescimento económicos, do aumento da produtividade, da competitividade global e das transições digital e energética, no âmbito de políticas e programas voltados para a melhoria da qualidade de vida dos angolanos”.
O Grupo dos 77 nas Nações Unidas é uma coligação de nações em desenvolvimento, que visa promover os interesses económicos colectivos dos seus membros e criar uma maior capacidade de negociação conjunta na Organização das Nações Unidas (ONU).
“É essencial que coloquemos ênfase no papel actuante e activo que o G 77 pode desempenhar na criação de uma visão equilibrada sobre os factos políticos contemporâneos que geram tensões que, muitas vezes, degeneram em conflitos de grande escala, como o que ocorre no leste da Europa e em relação ao qual não nos podemos mostrar indiferentes, por se tornar imperativa a necessidade do respeito da Carta das Nações Unidas e das normas do Direito Internacional e criar-se o ambiente propício a negociações que levem ao fim definitivo da guerra entre a Rússia e a Ucrânia”, defendeu.