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Os primeiros dias do Governo Trump sem oposição de peso
Donald Trump está no topo do poder nos EUA há pouco menos de 30 dias, mas os efeitos de suas opções estremecem o mundo todo, inclusive a Organização das Nações Unidas, a maior tribuna política planetária. E embora capaz de frear a marcha dessa grande potência, o ‘Dragão Vermelho’ limita-se a observar, já Moscovo pouco ou nada pode fazer dado que tem concentrado suas atenções na guerra que trava com a Ucrânia.
Enquanto a Rússia está concentrada na guerra que iniciou contra a Ucrânia, os Estados Unidos da América (EUA) estão livres e a espalhar o pânico nalguns caso só como uma mera retórica. Não há quem ouse opor-se objectivamente, e nem a alinhados dos EUA Donald Trump é subtil.
Os receios e medos tomam conta de todos. A Europa, que é a velha aliada, teme, por exemplo, que Donald Trump aplique já o tão prometido aumento das tarifas de produtos europeus que entrem no território norte-americano; além de poder vir a ser ignorada na iniciativa de paz dos americanos para a Ucrânia.
O continente africano, por sua vez, é afectado por cortes nos financiamentos e doações, cortes estes que, no caso do sector da saúde, pode precipitar a morte de milhares de enfermos africanos que padecem de HIV-SIDA e outras doenças graves.
Assim como os europeus, parceiros asiáticos também estão tomados pelo medo, tendo em conta que Donald Trump anunciara a postura que os EUA adoptariam caso fosse eleito, que passaria pela cobrança pela segurança a Coreia do Sul e a Taiwan.
A China, a segunda maior potência económica do mundo, também se prepara para as tarifas.
E a Organização das Nações Unidas (ONU) também não escapa. O Presidente Donald Trump cortou as contribuições dos EUA na maior tribuna política mundial, uma situação que deverá condicionar o funcionamento do organismo.
Por exemplo, dados de 2024 indicam que, sem contar o dinheiro das missões de paz, de tribunais internacionais e doações para agências especializadas, o orçamento da ONU foi de quase US$ 3,5 bilhões. Os Estados Unidos foram os maiores contribuintes entre os 193 membros, dado que disponibilizaram 22% do orçamento. A China, 15%; Japão, 8%; e o Brasil, 2%.
E como se não bastasse já toda a agitação provocada, Donald Trump retirou os EUA da Organização Mundial da Saúde, bem como do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
O impacto dessas medidas ainda são imprevisíveis. Mas se outras regiões estão em pânico face aos cortes financeiros norte-americanos, o Médio Oriente treme com o fogo que pode voltar a eclodir, e que se espera possa ser mais devastador em relação ao que se verificou antes do cessar-fogo entre Israel e o Hamas.
Donald Trump advertiu que Gaza será um inferno caso o Hamas não devolva os reféns a Israel até sábado, dia 15. Além de prometer o inferno, Donald Trump deseja retirar os palestinos de suas terras para tornar o local numa Riviera, com os palestinos vivendo no Egipto e na Jordânia.
Vale sublinhar que, no início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, e a seguir a de Israel e o Hamas, parecia que os EUA e os seus aliados estivessem a perder na perspectiva de influência no mundo, mas hoje está tudo muito claro sobre quem por ora detém a hegemonia do mundo: enquanto a Rússia esta concentrada na guerra que está a travar com a Ucrânia, os norte-americanos estão a agir mundialmente sem qualquer oposição de peso.
A Rússia não tem tempo para concentrar suas atenções noutros factos que não sejam ligados à sua guerra, que já faz três anos.
Ademais, para alguns observadores, mesmo que a guerra com a Ucrânia seja o mais rapidamente ultrapassada, os russos poderão ser subtis nas críticas aos americanos, porque, aparentemente, Washington, com a iniciativa de pôr fim a guerra russo-ucraniana, estará a salvar Moscovo da vergonha tendo em conta as perdas humanas e a devastação da economia.
Continua…