Politica
Os possíveis candidatos no VI Congresso Ordinário do PRS de 2028 (Parte II)
Depois de abordarmos os factores de sobrevivência da política e da provável sangria que o PRS poderá sofrer até 2027 com a saída de Sapalo António, nesta segunda parte da radiografia que o Correio da Kianda desenvolve no seio dos partidos políticos, vamos olhar um pouco para o perfil dos hipotéticos candidatos à liderança do partido, que tem como principal bandeira, o Federalismo.
Rui Malopa Miguel, foi o Secretário-geral do Partido dos Renovadores Sociais até a realização do V conclave de 2024. Um politico sereno e cauteloso, em todos passos que dá evita colidir com a direcção, principalmente com o líder da organização. Apesar de tecnicamente ser reconhecido como um excelente fazedor de opinião, não é em vão que foi pescado de Benguela onde foi Secretário provincial, para o segundo lugar do partido.
Nas terras de Ombaka, Malopa já se fazia sentir no meio dos colossos MPLA e UNITA. Rui Malopa é um cidadão oriundo do leste de Angola, mas muito cedo mudou-se para Benguela no cumprimento de uma missão na docência. Malopa é actualmente Vice-Presidente do PRS, deputado à Assembleia Nacional, sendo assim o outro representante do PRS na magna Casa das Leis, além de Benedito Daniel. A idade lhe permitirá ainda entrar na corrida em 2028.
O jovem Herculano Kuangana, é outro aspirante ao cadeirão máximo do Partido de Renovação Social (PRS). Este político tem vários factores que podem concorrer a seu favor, como ser o candidato mais jovem dentre os concorrentes que reúnem requisitos exigidos no artigo 41º dos estatutos do Partido, e por ter uma herança política que é o sobrenome do pai Eduardo Kuangana, membro fundador da organização, com muita influência e simpatia das bases, uma caraterística africana e se bem explorado por Herculano poderá lhe valer bons resultados. Entretanto, para lograr êxitos, Herculano precisará de ter humildade e obediência ao actual gestor do partido Benedito Daniel, para não cair na casca da banana, pois na política há muitas surpresas.
Manuel Ribaia, é um antigo Secretário de Informação do PRS e um acérrimo conservador. Pode vir a ser sondado, pois tinha já manifestado ambição de ascender aos cargos de Secretário-Geral ou Vice-Presidente do partido, contudo as coisas não lhe foram favoráveis. No seio da organização é tratado como uma espécie dum “Kopelipa”, pela sua proximidade ao Presidente do partido, e é apontado como suposto promotor de intrigas que tem afastado muitos quadros do PRS, quadros estes que podem seguir Sapalo António no seu novo projecto político.
Mas reconhece-se a capacidade de influência de Ribaia que, segundo pessoas próximas, “com um telefonema move os quadros ao nível do país para seguir a rota que ele indicar”. Por isso, foi sempre encarado também como um “Secretário-Geral Sombra” no PRS. Manuel Ribaia, tem sido sondado para ser acomodado na Comissão Nacional Eleitoral como Comissário Nacional, a se concretizar, ficará um pouco distante da vida política activa. Pode-se concluir, por isso, que este delfim do cota Bené, possa ser assim desarmado dessa sua apetência presidencial.
Há muitas dúvidas e incertezas sobre o futuro político do actual Presidente. Alguns pensam que no último conclave, os estatutos do PRS foram redesenhados a medida de Benedito Daniel, para lhe permitir, de forma folgada, rumar ao terceiro mandato. Em política, nem sempre a idade tem muita expressão, ou seja, aplica-se o ditado que diz “o vinho, quanto mais velho melhor é”.
O antigo Secretário-Geral da Juventude de Renovação Social (JURS), Gaspar Fernandes, que viu a sua pretensão de concorrer à liderança do Partido chumbada, tem pouca chance, uma vez que para se ser candidato tem de ser membro do Conselho Nacional ou do Comité Nacional do PRS e no último conclave, Gaspar foi apeado desses órgãos colegiais.
Uma fonte bem posicionada, revelou que o jovem político e natural de Luanda está a ser sondado para render a Novais Samungole, o veterano Secretário provincial na capital angolana. O PRS ganharia muito em ter, não só o Gaspar Fernandes nos órgãos e na direcção, mas também outros quadros que não são da zona tradicional do partido, o leste do país.
A este pode-se juntar o dinâmico Secretário Provincial do partido no Huambo, Soliya Selende, que tem estado a dar muita dinâmica na vida política e erguer a bandeira do Partido. A Constituição da República de Angola e os estatutos do PRS podem abrir avenidas ao Soliya Selende, pois segundo o artigo 23º da CRA “todos são iguais perante a lei…” Mas como se diz em Umbundu “pole, tchakamba otai” o que significa em português “ainda há uma incógnita” para falar da possibilidade de Soliya sonhar em ascender ao cadeirão máximo do PRS, até prova em contrário.
Os critérios para se habilitar a candidatura à liderança do Partido de Renovação Social, estão previstos no artigo 41.º, dos estatutos daquele Partido, que são
1. Ser membro do Conselho Político e do Comité Nacional;
2. Ter o grau académico de licenciatura;
3. Ser um cidadão angolano genuíno com mais de 35 anos de idade;
4. Ter mais de 15 anos de militância;
5. Nunca ter sofrido sanções disciplinares nos termos das alíneas d), e) e f) do artigo 15.º ou ter sido criminalmente condenado;
6. Estar com as cotas regularizadas
Neste contexto, o partido contaria com três prováveis candidatos, Benedito Daniel, o actual inquilino do Kapalanga, Rui Malopa, Vice-Presidente do Partido, e Herculano Kuangana, Secretário-Geral da organização. A saída do co-fundador, Sapalo António, serviu de alívio para o Presidente Benedito Daniel, tendo em vista as lutas que travou face as engenharias do economista, que visavam afastar Benedito Daniel do cadeirão máximo.
Este factor, que sirva também de catalisador, para o Presidente criar um ambiente de unidade e coesão no seio da organização, porque o risco será maior, de não eleger deputados em 2027, caso o projecto de demissionário venha ser legalizado, com o surgimento de novos actores no cenário político angolano, como o PRA-JA Servir Angola, Partido Liberal e outros projectos que aguardam o parecer do Tribunal Constitucional.
O PRS, actualmente, conta com os senhores Eduardo Kuangana, Pedrito Kutxiri, Adriana Sepisso, António Romeu, Manuel Muteba Muxito e Francisco Chala, como as reservas morais do partido.
Faltam dois anos para as eleições gerais, previstas para 2027, segundo a Constituição da República de Angola.
Este seu espaço volta dentro de 7 dias.
Os factores de sobrevivência política e a sangria que o PRS pode viver até 2027 (Parte I)