Órfã do 27 de maio que interpelou João Lourenço em Portugal lança livro com poemas do pai

Lembram-se da jovem angola que solicitou autorização a João Lourenço, presidente da República de Angola, para lhe ler um poema em plena conferência de Imprensa? O poema era da autoria do seu pai, uma das vítimas da repressão que se seguiu ao 27 de Maio de 1977, em Angola. Esse poema, bem como outros poemas de Betinho (Adelino António dos Santos), integram um livro escrito e organizado por Ulika Paixão Franco, a angolana que quis dialogar, então, com o Presidente da República, durante a visita de Estado a Portugal.

Com o título, As Vítimas Têm Um Rosto – A História e as Lutas do Meu Pai Betinho, o livro narra, como o título indica, o combate e militância política de Betinho, quer na luta contra o colonialismo português, quer nos confrontos e escolhas ideológicas que se seguiram à independência, no seio do MPLA.

No seu prefácio, o professor Mendo Castro Henriques afirma, recordando o encontro de Ulika e de João Lourenço : “Tal como este livro é mais que um livro, é um testemunho histórico, o poema que ficou por ler é mais que um poema. Desde esse dia, a vida de Ulika transformou-se e ganhou uma densidade inusitada pela causa que abraçou, mas também pelos insultos e perseguições e ameaças de que teve e tem de se defender.” Este livro é a resposta digna e límpida que Ulika Paixão Franco deixa para a História.

Agora, quando se comemoram 42 anos da passagem do 27 de Maio de 1977, a Guerra e Paz anuncia a publicação de As Vítimas têm um Rosto, da autoria de Ulika Paixão Franco, com prefácio do professor Mendo Castro Henrique. O livro chegará às livrarias em Julho próximo.