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ONU destaca preocupação angolana com avanço do terrorismo em África

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A agência de notícias da Organização das Nações Unidas destacou a preocupação angolana com o avanço do terrorismo nas cinco regiões africanas. 

Em declarações à ONU News, após participar numa sessão do Conselho de Segurança sobre o tema esta terça-feira, em Nova Iorque, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, disse que é preciso actuar contra a tendência de agravamento do fenómeno em África.

“As cinco regiões do continente africano já estão afectadas pelo terrorismo. É preciso reforçarmos as medidas do continente, incluindo o financiamento e a coordenação das Nações Unidas, até através da aplicação da resolução do Conselho de Segurança, que prevê que a ONU financie 75% das operações desdobradas no continente africano, além de outras medidas não-militares que são necessárias para o combate ao terrorismo”, lê-se na matéria intitulada “Angola apreensiva com presença do terrorismo em todas as sub-regiões africanas”.

Téte António avançou que, “uma das metas do país é impulsionar a cooperação internacional para impedir a potencial ameaça no Atlântico Sul com iniciativas multilaterais”.

Citando os conflitos na República Democrática do Congo, em Moçambique e no Sahel, o número um da diplomacia angolana mencionou preocupação com “a tendência de migração de terroristas para a costa atlântica, num movimento que pode reforçar a pirataria marítima”.

“Na observação do que se passa no Sahel e num país irmão, Moçambique, Angola tinha proposto uma cimeira e continuamos interessados, tendo em conta as nossas responsabilidades regionais nesta questão. A reunião de hoje (terça-feira) tem a ver, justamente, com o combate ao terrorismo no continente e a coordenação de esforço no âmbito do Capítulo 8 sobre o Conselho de Segurança”, realçou.

União Africana

O Ministro das Relações Exteriores manteve, igualmente, um encontro com a Secretária-Geral Adjunta das Nações Unidas, Amina Mohammed, na quarta-feira.

Sobre a mesa esteve os preparativos para a realização da próxima Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, marcada para os dias 15 e 16 de Fevereiro, com a realização da 49.ª Reunião do Comité dos Representantes Permanentes (CRP), onde o Presidente da República, João Lourenço, assumirá a presidência rotativa da organização continental.

Teté António reafirmou que o país apresentará uma visão unificadora entre todas as nações do continente “com base no nosso interesse em buscar soluções que contribuam o máximo possível para acabar com os conflitos que persistem em África”, disse.

Ressaltou ainda, que “Angola também está determinada a trabalhar em estreita colaboração com as Nações Unidas e outros parceiros para promover a integração, a estabilidade e o desenvolvimento do continente na busca por soluções para os problemas que ainda bloqueiam o caminho em direcção ao progresso social, económico, científico, técnico e tecnológico”.

Mediação do conflito RDC/Ruanda

Por sua vez, Amina Mohammed, elogiou o papel de João Lourenço, na qualidade de mediador designado pela União Africana para facilitar a normalização das relações entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda, na busca para a paz e a segurança no Leste da RDC.

Igualmente, numa declaração emitida pelo porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, a organização elogiou os esforços “feitos até agora” por Luanda para conter o conflito entre as duas nações.

Instou também “todos os actores para que respeitem a soberania e a integridade territorial da República Democrática do Congo” e “acabem com todas as formas de apoio a grupos armados, sejam eles congoleses ou estrangeiros”.

Condenou ainda a ofensiva renovada lançada, pelo Movimento 23 de Março (M23), desde o início do ano e a expansão para o Kivu Norte e Kivu Sul, incluindo a recente tomada de Sake, que, segundo a organização, “aumenta a ameaça à cidade de Goma e tem um preço devastador para a população civil”.

O documento apresenta ainda preocupação com “o risco de uma guerra regional mais ampla” e apelou ao M23 que “cesse imediatamente a sua ofensiva e se retire de todas as áreas ocupadas”, cumprindo o acordo de cessar-fogo de 31 de Julho de 2024, conforme consta no Processo de Luanda.

Em Ancara, após um encontro com o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, o Presidente turco, Recep Erdogan, mostrou-se interessado em “dar toda a ajuda necessária para resolver a crise entre o Ruanda e a República Democrática do Congo”, apoio este ainda não comentado por nenhuma das partes.

Avanço do Daesh 

Durante a sessão do Conselho de Segurança da ONU, a Interpol recordou também a crescente presença do Daesh em África com, segundo a organização, ataques cada vez mais coordenados, complexos e fatais.

Antes denominado Estado islâmico do Iraque, Levante ou Estado Islâmico do Iraque e da Síria, o Daesh, Estado Islâmico, é uma organização jihadista islamita de orientação salafista e wahabita criada após a invasão do Iraque, em 2003.

“O terrorismo é uma das maiores ameaças do continente na actualidade. O Sahel é a região africana em que mais se concentram terroristas, que tendem a fazer uma expansão para o sul”, mencionou à ONU, Téte António.

Na sessão da ONU recordou-se, igualmente do ataque terrorista mais mortal no Chifre da África, há quase dois anos, realizado pelo al-Shabab. Carros-bomba mataram pelo menos 120 pessoas e feriram outras 300 em Mogadíscio, na Somália.

Unir esforços para o combate ao terrorismo figura dentre os muitos desafios para a Presidência angolana na União Africana, que o Presidente da República, João Lourenço, espera fazer frente com a nomeação de um grupo interministerial de trabalho coordenado pelo ministro das Relações Exteriores, coadjuvado pelo ministro da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, e tem como ponto focal nacional o embaixador de Angola na Etiópia e representante permanente junto da União Africana, Miguel Domingos Bembe.

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