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“Onde Angola estaria hoje se não tivéssemos sido vítimas da Guerra Fria?”

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Não é a primeira vez que João Lourenço identifica questões exógenas como parte da razão das dificuldades que as famílias angolanas vivenciam, tendo-o feito igualmente em plena campanha eleitoral em 2022, na Lunda Sul, quando referiu que as assimetrias regionais resultam do colonialismo português.

O Presidente da República, João Lourenço, que falava nesta segunda-feira, 26, na qualidade de presidente do MPLA, a uma plateia composta maioritariamente pelos primeiros secretários dos Comités de Acção do Partido (CAP), referiu que Angola estaria “bem melhor” em termos de desenvolvimento “económico e social”, caso o país não tivesse sido vítima da Guerra Fria.

A Guerra Fria, que se registou entre 1947 e 1991, foi um período marcado por conflito político-ideológico travado entre os Estados Unidos da América e a ex-União Soviética (URSS), liderada pela Rússia. O evento polarizou o mundo em dois grandes blocos, um alinhado ao capitalismo e outro alinhado ao comunismo. Ou seja, ao invés de travarem batalha militar directa, as duas potências armaram e financiaram grupos em diferentes Estados e continentes, com vista a implantação de seus regimes nestes países em conflito.

E foi exactamente isso que ocorreu em Angola. A URSS, fundada no princípio comunista e socialista, apoiou o MPLA; tendo os EUA, que defendiam a democracia e economia de mercado, apoiado a UNITA.

Dito de outro modo: a URSS armou o MPLA para vigorar em Angola o comunismo-socialista [partido único, mas igualdade económica para todos], e os EUA armaram a UNITA para implementar em Angola a sua visão de regime democrático e uma economia de mercado [multipartidarismo e a iniciativa privada].

Portanto, a guerra foi humana e infraestruturalmente devastadora.

Mas importa referir que, a guerra entre os angolanos, precisamente entre os movimentos de libertação à ocupação colonial portuguesa, nomeadamente a FNLA, MPLA e a UNITA, já vinha desde antes de abraçarem as perspectivas ideológicas das potências mundiais citadas, embora os referidos conflitos militares tenham ganhado outra dimensão no uso de material bélico desde que essas potências passaram a apoiar mais vivamente.

Por exemplo, as diferenças entre o MPLA e a UNITA enraizadas talvez no ego de parte a parte, levou-os a manter a guerra para lá do término da Guerra Fria, em 1991, período que marcou a assinatura dos Acordos de Bicesse, documento que tornou Angola na democracia multipartidária e de economia de mercado que se conhece hoje.

Entretanto, a guerra fratricida entre o MPLA e a UNITA só veio a terminar no ano de 2002, altura em que morreu em combate Jonas Savimbi, o líder fundador da UNITA.

A referida guerra arrasou com as fontes de receitas do país, tornou quase impossível o escoamento de produtos dos campos para as cidades, face à deterioração das vias, e pontes danificadas pela força das bombas. Como não deixaria de ser, a saúde e a educação sucumbiram diante dos longos anos de guerra.

“Onde Angola estaria hoje? Quê nível de desenvolvimento económico e social teria hoje, se não tivéssemos sido vítimas da Guerra Fria?”, questionou hoje João Lourenço, para mais adiante dar ele próprio a resposta: “Com certeza que estaríamos bem longe, bem melhor”, sublinhou o presidente, que, já em 2022, em plena campanha eleitoral, apelou para se fizesse um esforço governativo, visando contrariar as assimetrias provocadas sobretudo pelo colonialismo português, que durou cinco séculos.

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1 Comment

1 Comment

  1. Mauro

    27/08/2024 at 2:24 pm

    Guerra fria
    Infelizmente este è mais um incompetente para dirigir este pais està mais que provado com este governantes està na hora de mudança quanto mais tempo se manterem no poder o povo vai sofrer mais povo acorda por favor.

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