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Obiang Nguema pode acolher Cimeira Rússia-África em troca de ”protecção”

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No poder há 45 anos, Obiang Nguema, presidente da Guiné Equatorial, não dá mostras de que pretenda abdicar do cargo apesar da idade, e temendo que a avalanche de golpes de Estado em África o alcance, negoceia protecção com o presidente russo Vladimir Putin.

A informação de que Malabo e Moscovo negoceiam para que a Cimeira Rússia-África para este ano seja realizada na capital da Guiné Equatorial já ecoa o mundo. Entretanto, por aferir está a razão de Malabo insistir em algo que, somente a mera ideia, já cria instabilidade e desconfiança entre os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização em que aderiu com bastante oposição em 2014.

Fontes indicam que Obiang Nguema, presidente da Guiné Equatorial há 45 anos, que assumiu o poder ao depor o seu tio num golpe de Estado em 1979, teme que a ‘avalanche’ de golpes em África o alcance, à semelhança do que ocorreu com o seu amigo e vizinho Ali Bongo do Gabão, e negoceia com Vladimir Putin maior capacidade de ”protecção e ajuda para pôr um astronauta no espaço”.

”Vemos que o continente africano está a converter-se num novo centro de poder, o seu papel político e também económico aumenta em proporção geométrica, e todos terão que ter em conta esta realidade objectiva”, disse Vladimir Putin num discurso em 2023.

De referir que a possibilidade de Malabo acolher a próxima cimeira já vem sendo posta em cima da ‘mesa’ desde a véspera da Cimeira Rússia-África do ano passado, realizada em Moscovo, mas as negociações intensificaram-se nas últimas semanas e poderão ficar concluídas nos próximos dias. Um cenário que não reúne consenso na CPLP.

E há altos quadros de Estados Membro da CPLP que estejam a tomar por ingrato o presidente Obiang Nguema, pelo facto de a comunidade lhe ter facilidado a adesão à comunidade sem no entanto reunir os requisitos.

Durante o processo de adesão à CPLP, a Guiné Equatorial, que contou com o ‘apadrinhamento’ de José Eduardo dos Santos, então Presidente angolano (já falecido), encontrou séria oposição de Portugal, sobretudo face à ausência do respeito pelos direitos humanos em Malabo, mas o país europeu acabou por ceder devido à pressão de um grupo de países africanos membros da comunidade.

”Ele [Nguema] já devia ceder o poder. A democracia deve vencer sobre o autoritarismo e a ditadura. E é por falta de uma crença democrática que ele acorre a Putin, e não há um país democrático para se blindar quando se privilegia o autoritarismo”, sublinha ao Correio da Kianda um alto quadro de uma das representações diplomáticas em Angola.

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