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Sociedade

“O verdadeiro empreendedor deve resistir às adversidades”

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A nova Coordenação Provincial de Luanda do Fórum Angolano de Jovens Empreendedores (FAJE) acaba de tomar posse com uma meta ambiciosa: motivar os luandenses a empreenderem a fim de diminuir o alto índice de desemprego, agravado pela pandemia da covid-19.

Em entrevista exclusiva ao Correio da Kianda o coordenador provincial de Luanda do FAJE, Pedro Bento de Almeida, falou sobre o sector na capital angolana, bem como sobre como a organização a qual pertence pretende auxiliar os jovens a verem o empreendedorismo como uma opção para ultrapassarmos a crise.

Leia abaixo

A pandemia de covid-19 tem prejudicado sensivelmente a economia angolana com uma série de despedimentos por parte das empresas. Acredita que o empreendedorismo seria uma saída para diminuir o número de desempregados em Luanda?

Sem sombra de dúvidas que o empreendedorismo pode ser uma saída para a redução do desemprego, porque quem empreende acaba sempre por empregar e, para este exercício do empreendedorismo nem sempre é necessário tanto dinheiro. Angola têm mais de 2 milhões de jovens dos 18 aos 45 anos, se tivermos pelo menos 100 mil jovens a empreenderem e cada um empregar 2 pessoas apenas, teremos 200 mil postos de empregos o que, certamente, ajudaria a resolver, até certo ponto, esta problemática do desemprego no país, já que a maior franja da população está mesmo cá em Luanda.

Qual o cenário actual do empreendedorismo na capital do país?

Bom, o empreendedorismo já esteve em crescimento, mas com essa situação da pandemia, de Abril para cá vimos muitas empresas fechar, muitas iniciativas empreendedoras fracassar e muitos sonhos de empreender a cair; mas isso só nos dá mais vontade de difundir o empreendedorismo, porque o verdadeiro empreendedor deve resistir em meio às adversidades e é neste momento que os empreendedores mais precisam de uma orientação, uma palavra amiga de quem também está neste “barco” em meio as turbulências; é nessa hora que nós aparecemos, Porque o FAJE têm uma palavra a dizer a todos os jovens empreendedores e não me refiro apenas aos de Luanda, mas a todos de Cabinda ao Cunene, porque o nosso coordenador nacional, o engenheiro Alberto Mendes, tudo fez para que tivéssemos coordenações em todas as províncias do país e isso hoje é uma realidade e existimos, exactamente, para servir aos empreendedores, principalmente em momentos como estes.

Quais áreas os jovens estão a empreender mais?

Os jovens estão a empreender mais nos sectores do “Comércio e na Prestação de Serviços”.

Quais áreas veem como promissora?

As áreas em crescimento cá em Luanda e que são promissoras e é o nosso foco apoiar, conforme salientamos na nossa tomada de posse, são as áreas da “Agricultura e da Apicultura”. Temos o apoio da nossa Coordenação Nacional e vamos procurar apoiar por meio da Coopera (a nossa Cooperativa de Crédito), principalmente os projectos organizados em modo de cooperativas.

Recentemente, o CEO do Facebook tornou-se o terceiro mais rico do mundo. Acha que os jovens luandenses estão a desenvolver propostas na área digital?

Sim, estão a desenvolver projectos na área digital, temos os exemplos do “Kubinga, o BayQi” e muitos outros que têm sido bem sucedidos.

Pedro Bento de Almeida

Há ambiente para que tenhamos futuros “Zuckerbergs” no país?

Para ser sincero, não. Para haver “Zuckerbergs” teríamos de ter uma população mais ligada às TICS e, infelizmente, a nossa população ainda não é muito dada às tecnologias. Associamos a isso o número reduzido de empresas que vendem este serviço, já que têm de haver também mais ofertas. Por outro lado, o Governo também deve fazer uma maior aposta no sector, porque temos imensas dificuldades, desde o acesso a internet, a qualidade do serviço, o que directa ou indirectamente está relacionado ao facto de dependermos do exterior para a venda do acesso, por falta do nosso próprio satélite, o que encarece também o serviço e faz com que muitos ainda não tenham condições de o custear. Enfim, ainda estamos longe de ter “Zuckerbergs” aqui em Angola.

O Governo tem em prática uma acção para converter a economia informal em formal. Muitos empreendedores actuam na ilegalidade. Pretendem actuar para reverter esse quadro? De que forma?

Na verdade o FAJE já têm actuado para reverter essa situação há mais de 5 anos, com os consultores que colocamos disponíveis, e têm auxiliado os nossos empreendedores a formalizar os seus negócios diante do Guiché Único e em outros balcões como o SIAC que o Estado criou para facilitar a inscrição e formalização das empresas a nível nacional. Pretendemos intensificar ainda mais essa assessoria e orientação aos empreendedores no sentido de os ajudar cada vez mais e termos, deste modo, mais empreendedores com negócios formais pagando impostos, contribuindo assim, para as contas do Estado e  ajudando, deste modo, o crescimento da economia nacional.

Quais acções a coordenação provincial do Fórum Angolano dos Jovens Empreendedores pretende colocar em prática para motivar os jovens a empreenderem?

Bom, a Coordenação Provincial de Luanda do Fórum Angolano de Jovens Empreendedores (FAJE) pretende motivar os jovens cada vez mais com palestras, seminários, apresentando casos (na 1° pessoa), de empreendedores que tinham apenas uma ideia e nada mais, hoje conseguiram criar o seu próprio negócio e têm sido bem sucedidos. Vamos procurar apresentar as ferramentas para um empreendedorismo sustentável; porque empreender, muitas vezes, não é suficiente. É necessário empreender de forma sustentável, com ideias e planos de negócios bem estruturados de forma a corresponder aos desafios do mercado que são cada vez maiores e mais competitivos; por isso, urge a necessidade de estarmos cada vez mais e melhor preparados para os respectivos desafios.




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