Opinião
O teste à coesão e fidelidade no seio do MPLA e da UNITA
No livro da nossa política activa abriu-se uma página com um conteúdo bastante interessante: o teste à coesão e fidelidade no seio do MPLA e da UNITA.
Por um lado, pelas vias oficiosas introduziu-se no debate público a possibilidade de se adicionar mais um mandado ao Presidente da República, o que implicaria outra revisão constitucional.
Sobre esse assunto, o Presidente João Lourenço disse peremptoriamente que não é o momento para se falar (disso). Ainda é cedo. Talvez mais lá para frente.
Por outro lado, a UNITA propõe acusação e destituição do Presidente da República, por via do seu Grupo Parlamentar. E é para já.
Então?!
Bem sabemos que ambas intenções devem, necessariamente, passar pelo crivo dos deputados, na Assembleia Nacional.
Para a efectivação da intenção de qualquer uma das partes, tanto o MPLA, quanto a UNITA, necessitaria de votos favoráveis dos deputados da bancada parlamentar do outro.
Em resposta, o MPLA, através de altos dirigentes, afirmou categoricamente que a proposta da UNITA vai levar voto contra, de todos os deputados da sua bancada parlamentar.
A UNITA, também através dos seus mais altos dirigentes, já desvalorizou a possibilidade de um dos deputados da sua bancada parlamentar votar à favor de um terceiro mandato, caso seja proposto.
Na prática, a UNITA — que já está em acção com a sua intenção — acredita na falta de coesão e infidelidade de certos deputados da bancada parlamentar do MPLA, para alcançar o seu objectivo.
Ao ser assim, o mesmo se pode dizer que, tal como vê a possibilidade de atrair o necessário número de deputados da bancada parlamentar do MPLA, também deve pensar no contrário.
E o histórico de fragilidade e traições não consta nos anais no MPLA. A UNITA sabe disso melhor que ninguém, porque as testemunhas e os precursores ainda estão entre eles.
A crença da UNITA para o sucesso da sua intenção é uma faca de dois gumes, por ser a certeza de o contrário ser igualmente possível.
Em outras palavras, reconhece a possibilidade de um eventual terceiro mandato, possível, afinal, pela mesma via que acredita conseguir alcançar o seu desejo.
Todavia, é bom não esquecer que em política não há paixões nem vale lamentações. Quem ataca deve estar preparado para o contra-ataque.
Estão preparados?