Educação Financeira
O seu dinheiro no seu bolso… o seu dinheiro móvel que está a mudar mentalidades. E a sua?
O dinheiro móvel é uma tecnologia que permite que as pessoas recebam, armazenem e gastem dinheiro usando um telemóvel e/ou tablet. Às vezes é referido como uma “carteira móvel” ou pelo nome de um serviço específico como “E-Kwanza”, “Unitel Money” e muito mais. Existem mais de 270 diferentes serviços de dinheiro móvel em todo o mundo, embora sejam mais populares na África, Ásia e América Latina. O dinheiro móvel é uma alternativa popular tanto para o dinheiro quanto para os bancos porque é fácil de usar, seguro e pode ser usado em qualquer lugar que haja um sinal de telefone celular.
Além destas plataformas de certos bancos e operadores de telefonia móvel, os próprios bancos têm outras formas virtuais de acesso a serviços bancários, tais como:
– internet banking (via site dos bancos);
– aplicações dos bancos que se podem instalar nos telefones móveis e tablets.
O dinheiro móvel é um serviço que armazena fundos numa conta eletrónica segura, vinculado a um número de telefone móvel. Nalguns casos, o número de dinheiro do telemóvel será o mesmo que o número de telefone, mas nem sempre. O dinheiro móvel é frequentemente fornecido pelas mesmas empresas que administram os serviços de telefonia móvel do país e está disponível tanto para clientes pré-pago quanto para contratos.
O serviço permite que os utilizadores armazenem, enviem e recebam dinheiro usando o seu telemóvel. Eles podem comprar itens em lojas ou online, pagar contas, taxas escolares e aumentar o tempo de transmissão do celular. Eles também podem ter acesso dinheiro em agentes autorizados, como é possível agora por via do Instrutivo n.º 12/2021, do Banco Nacional de Angola.
Se o utilizador quiser pagar uma conta ou enviar dinheiro para outra pessoa, basta seleccionar o serviço relevante no menu de dinheiro do telemóvel do seu telefone. É tão simples quanto enviar uma mensagem de texto.
Esta nova era de acesso a serviços financeiros via telefone móvel tem sido assinalada nos países africanos e não só que vivenciam esta realidade, sendo de destacar aqui países como o Quénia, Tanzânia, Ruanda, Etiópia e Moçambique na costa Oriental e em alguns países da costa Ocidental como o Ghana, Nigéria e Costa de Marfim.
A experiência do surgimento deste produto financeiro emergiu em África, especialmente no Quénia, tendo como elemento principal responder a uma necessidade: enviar dinheiro para casa, banking the unbanked, ou seja, “bancarizar os não bancarizados”, o que no nosso caso ainda é um desafio considerável. No Quénia, desde 2007, o produto do M-Pesa (serviço de pagamentos via telefone) singrou fundamentalmente porque juntou uma operadora de telefonia móvel, a Safaricom (subsidiária da Vodafone) e uma empresa de microcrédito, oferecendo aos clientes soluções de pagamentos mais cómodas e simples, como quando compram uma recarga.
De acordo com o Financial Access Survey 2018 do FMI, o número de contas de Mobile Money, em economias de baixa renda, atinge em média mais do que o dobro de contas bancárias, por cada 1,000 adultos.
Na África subsaariana foram criadas, em 2019, cerca de 50 milhões de contas, estimando-se que se ultrapassem os 500 milhões de contas em 2020. Globalmente, a GSMA estima a marca das 1,040 mil milhões de contas registadas em 2019.
Nos últimos anos, temos vindo a observar uma transformação do papel da agência bancária como plataforma de serviços financeiros – outrora o canal exclusivo na relação do cliente com o seu banco, assume hoje um papel menos operacional e mais representativo da imagem da instituição, assim como ponto de presença físico, nos (poucos) casos que se justificam, relegando as funções de interface de pagamentos para os canais digitais.
Em 2020, os números revelam ainda uma maior aceleração destes serviços. Segundo o Digital Frontiers Institute, os valores transaccionados na África Ocidental andaram à volta dos 178 mil milhões de Dólares norte-americanos em comparação com os 273 mil milhões da África Oriental. Para uma outra discussão, estes números revelam-nos o peso da economia informal no PIB dos países africanos, o que na maioria dos casos não é captado nos indicadores formais dos países.
Entretanto, em Angola, o fenómeno emergiu com o “defunto” Banco Postal – fenómeno comum ao que ocorreu na Índia onde o licenciamento e burocracias obstaculizaram a expansão do Mobile- Money. Outras iniciativas do Banco Central e dos bancos comerciais têm vindo a promover a bancarização e a inclusão financeira, como é o caso do Bankita e do É Kwanza Bai.
De origem humilde e tipicamente suportado por uma rede de agentes bancários que fazem parte de um complexo modelo de distribuição, o Mobile Money não é apenas um parente pobre dos grandes bancos digitais – em 2019 este negócio movimentou perto de 690 mil milhões USD e vai a caminho de 1.000 mil milhões USD em 2023.
Antes centrado nos pagamentos, começa agora a agregar outros serviços à sua oferta (além de créditos, poupança e até seguros), numa linha claramente convergente à construção de um ecossistema de serviços numa única “super app” – popularizado pelo Chinês WeChat, este conceito agrega várias ofertas – é possível encomendar comida, conversar com os amigos, pagar a renda da casa e ver um filme, tudo na mesma aplicação.
O decréscimo no número de agências bancárias (maior deslocação, logo, maior risco de contágio), soluções digitais que não contribuem para a inclusão financeira, seja pela oferta limitada ou pela complexidade de utilização, aliado ao isolamento social e à mudança nos hábitos de consumo pós pandemia são tudo factores importantes que certamente irão contribuir para uma explosão no crescimento do Mobile Money.
Quase qualquer um que tenha um telemóvel pode ter uma conta de dinheiro no telemóvel. É tão acessível, o que o torna extremamente útil em partes mais remotas do mundo, onde não há bancos. E Angola é um país muito grande e com zonas muito distantes das grandes cidades como Luanda, Benguela, Lubango, Huambo, etc, onde as pessoas continuam a ter necessidades. Aqui estão seus outros benefícios:
1. Multifacetados – há tanto que os utillizadores podem fazer com uma conta de dinheiro móvel. Eles podem receber, armazenar, gastar e enviar dinheiro tudo da conta no seu telefone móvel.
2. Directo – os utilizadores podem receber dinheiro directamente nos seus telefone móveis sem passar por nenhum intermediário.
3. Rápido – os clientes podem receber, enviar e gastar dinheiro instantaneamente.
4. Conveniente – contas de dinheiro móvel são sempre em mãos enquanto se sentam nos telefones dos utilizadores, o dinheiro do telefone pode ser usado em qualquer lugar em que haja um sinal de telefone.
5. Seguro – os fundos mantidos em uma conta de dinheiro móvel são protegidos pelas regulamentações financeiras locais. A identidade dos utilizadores deve ser verificada – dificultando o uso ilegal desses serviços por fraudadores e criminosos.
6. Baixo custo – as taxas e os custos são grátis ou tendencialmente, o que democratiza os serviços de dinheiro móvel.
Há riscos envolvidos no dinheiro móvel e que são importantes de apresentar e realçar:
Os sistemas de dinheiro móvel podem ser utilizados de forma abusiva para branquear capitais de modo semelhante às contas bancárias. Uma pessoa pode criar inúmeras contas diferentes com facilidade e rapidez, recorrendo a nomes falsos, ou usando o seu próprio nome, e transferir dinheiro entre essas contas para despistar os investigadores.
Do mesmo modo, podem levantar dinheiro e enviá-lo novamente para uma conta diferente. Também existem plataformas que permitem aos utilizadores converter dinheiro móvel em criptomoeda e vice-versa, tais como a BitPesa do Quénia. Basta efectuar estas simples operações várias vezes e obtém-se uma cadeia monetária muito emaranhada.
Outra artimanha é criar uma empresa que aceita pagamentos móveis e arranjar clientes falsos que fazem pagamentos a esta empresa fictícia. Este mecanismo não é novidade, mas o uso de dinheiro móvel simplifica o processo e reduz o risco de se ser apanhado. Os suspeitos envolvidos em crimes mais graves e esquemas de corrupção transpõem muitas vezes as fronteiras, transferindo dinheiro de um país para outro. Posteriormente, os investigadores enfrentam os mesmos desafios em matéria de cooperação internacional, como com qualquer outra investigação transfronteira, com vista a obter informações sobre essas transacções financeiras.
Por fim, e para terminar, a segurança do seu telefone em termos de posse, actualização do software do telefone móvel e também a segurança das palavras-passes do telefone, mas também, de acesso à aplicação. Invista conhecimento, invista na segurança, invista em bons antívírus e nas redes sociais não clique em anúncios falsos de de concursos, prémios, ou ainda quando supostamente os bancos tentam «pescar» informação sobre a ou as suas contas bancárias, pela táctica do “phishing”. Para terminar, finalmente, não carregue o seu telefone num computador desconhecido. Esse computador pode ter aplicações que permitam ter acesso indevido e inconfesso ao seu telefone e ao fim ao cabo, o seu dinheiro pode estar nesse telefone…