O que as entrevistas colectivas fazem por João Lourenço

As entrevistas colectivas do Presidente João Lourenço marcam um claro diferencial entre ele e o anterior presidente, José Eduardo dos Santos, mas não apenas isso:

As entrevistas são uma boa oportunidade (criada pelo próprio PR) de na primeira pessoa responder e clarificar as muitas interrogações que com andar do tempo, quase que naturalmente surgem nos muitos segmentos da sociedade. E como bónus, ainda tem o efeito colateral que vem com a forma espontâneo e frontal com que João Lourenço responde e lida com os jornalistas, desmistificando a ideia de que o PR é um ser superior e a parte de tudo e todos; sorri, faz perguntas e até piadas das quais os jornalistas e mesmo quem quer que esteja em casa, ri.

As entrevistas são portanto mais que meros momentos de esclarecimentos onde apenas se abordam as questões da sociedade, antes porém são verdadeiros espaços de aproximação entre o PR e os jornalistas e mesmo e a sociedade em geral que acaba por se ver representada pelos jornalistas que neste e naquele momento específico colocam aquela questão quente, que felizmente é sempre respondida e quase que de forma imediata; transmitindo a certeza de que o mais alto mandatário do Estado domina os assuntos e não tem medo de falar sobre nada. Acabando por ter bom desempenho no embate com os jornalistas, que como fiz menção acima, não é uma mera entrevista colectiva, é mesmo um importante acto de avaliação da capacidade do líder do Estado.

Na última entrevista ressalta a forma como respondeu aos jornalistas que fizeram mais de uma pergunta  e como a despeito de ego, pediu que lhe explicassem sempre que não dominasse a ideia da pergunta feita.

A forma humana como lida e responde, a forma frontal como encara cada questionamento e todos outros quinhentos, pintam o PR com contornos humanos, o que não é anormal, mas é novo para nós. Portanto, as entrevistas estão a dar-lhe o que nem mesmo muitos anos de poder lhe dariam, contornos de humano normais e a aproximar-lhe das massas sem nenhum movimento forçoso.