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A voz do Cidadão

O paradoxo entre o princípio e o fim – Por. Dr. Esmael Venâncio

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1. É Dezembro. É natal. É mês de festa. É mês de azar. É mês da euforia. É mês da agitação. É mês do lucro fácil. É mês da abundância. É mês do esbanjamento. É o mês em que o número de pessoas nas cidades aumenta. É o mês em que o trânsito torna-se menos fluido, os acidentes aumentam, os preços duplicam-se no mercado, e os aeroportos e os parques de autocarros ficam superlotados. É o mês em que tudo se altera, tudo muda. As casas mudam de cor, novas mobílias são compradas, as ruas são embelezadas, as pessoas mudam de aspecto, etc. Enfim, Dezembro é o mês da mudança.

2. Por ser o último mês do ano, as pessoas têm-no como meta. Em Dezembro não se planifica, avalia-se. É o mês em que as pessoas sentam para reflectir em tudo que fizeram nos meses anteriores. É o mês do descanso e do relaxe. É o mês em que algumas empresas reduzem a sua carga horária ou dão férias colectivas aos seus trabalhadores. Em Dezembro trabalha-se pouco. Contudo, é o mês em que mais dinheiro se recebe: salário, bónus, subsídios, décimo terceiro, etc., etc. Mas é também, por conseguinte, o mês em que mais dinheiro se gasta. A procura aumenta, a oferta aumenta, e alteram-se os níveis gerais de preços. Não obstante, é nesse mês em que as pessoas mais vontade sentem de comprar, de gastar até o último tostão.

3. Dezembro é também o mês da promoção. É o mês em que as pessoas são invadidas por uma série de publicidades promocionais – na televisão, na rádio, nos jornais, nos cartazes, etc. – de produtos de natureza diversa, incluindo os que nada têm a ver com as quadras festivas.

“Dezembro é também o mês da promoção (…) de produtos de natureza diversa, incluindo os que nada têm a ver com as quadras festivas”.

4. Dezembro é o mês da agitação. Agitação dos que querem vender e dos que querem comprar. Não há como ficar isento disso. Afinal, é Dezembro. É natal. É mês de festa. É mês da euforia. É mês da abundância, do lucro fácil e do esbanjamento.

5. Se assim é Dezembro, o último mês do ano, o que dizer de Janeiro, o primeiro do ano?

6. Janeiro é o mês da fome, da escassez, da ressaca, da preguiça, da preparação e da reorganização. Mas é também um mês de definição de planos. Se em Dezembro avalia-se, em Janeiro planifica-se. Traçam-se novos objectivos e novas metas, e elaboram-se novas estratégias. É o mês da preparação. Preparação para novos objectivos e desafios

“Janeiro é, sem dúvida, a ressaca de Dezembro (…) As dificuldades do mês de Janeiro devem ensinar-nos a ser mais racionais nos gastos e discretos para com a propaganda comercial.”

7. Em Janeiro não há dinheiro nem comida. Todos choram, todos lamentam. Choram por falta de dinheiro e comida, e lamentam por não poder pagar as suas dívidas.

8. Janeiro é, sem dúvida, a ressaca de Dezembro. E a ressaca nunca foi boa. É desagradável. É horrível. Obriga qualquer usuário do álcool a moderar o seu consumo. Há quem procura aliviá-la, tomando um bom caldo. Mas como mais vale prevenir do que remediar, alguns preferem a primeira opção – a moderação. De igual modo, se quisermos evitar a ressaca de Janeiro, isto é, os problemas financeiros e alimentares, precisamos moderar os gastos que comummente fazemos aquando das quadras festivas.

9. As dificuldades do mês de Janeiro devem ensinar-nos a ser mais racionais nos gastos e discretos para com a propaganda comercial. Para onde vai o dinheiro que tão apressadamente gastamos em Dezembro? É claro, nos bolsos dos comerciantes.

10. Às vezes ficamos sem compreender o porquê deste paradoxo entre Dezembro e Janeiro; mas a explicação encontra-se no que acabámos de dizer. Gastamos muito dinheiro em Dezembro, às vezes, em coisas de somenos importância.

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