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Politica

“O Luanda Leaks tem a credibilidade do consórcio internacional de jornalistas”, rebate Ana Gomes

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A ex-eurodeputada Ana Gomes reagiu à polémica entrevista concedida por Isabel dos Santos à DW, na semana finda, desmentindo as declarações da empresária angolana de que as informações reveladas pelo “Luanda Leaks” teriam sido manipuladas.

A filha do antigo presidente José Eduardo dos Santos acusou, durante a entrevista, o Estado angolano de ter enviado aos jornalistas informações falsas no âmbito do caso “Luanda Leaks”. Posição esta que Isabel dos Santos defende, desde Março de 2021.

“Não é verdade. A principal fonte do ‘Luanda Leaks’ é o jovem português Rui Pinto, que é também a principal fonte do ‘Football Leaks’”, disse também à DW, Ana Gomes.

“Toda a informação foi verificada e re-verificada por jornalistas. Para além de accionista de alguns dos bancos, com participações qualificadas, ela era também administradora de um banco em Portugal. E essa era obviamente uma posição ideal para poder fazer as operações de branqueamento de capitais dos recursos que eram desviados de Angola”, acusa Ana Gomes.

Conforme publicado em primeira mão pelo Correio da Kianda, Isabel dos Santos é alvo de um mandado de captura internacional, emitido pela Procuradoria-Geral da República de Angola, processo este, que a empresária nega que esteja arrolada, avançando ainda, que estão “a decorrer em vários países ‘inquéritos’ motivados pelas informações divulgadas no âmbito da investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI)”.

“O ‘Luanda Leaks’ é uma investigação jornalística com base em revelações feitas por Rui Pinto. É uma investigação que tem a credibilidade do consórcio de jornalistas que tem estado por trás de revelações como os ‘Panama Papers’ e os ‘Paradise Papers’, etc. Foi tudo verificado pelos jornalistas”, rebate Ana Gomes.

De ressaltar que a ex-eurodeputada portuguesa Ana Gomes tem vindo a denunciar vários casos envolvendo não só a empresária angolana, como a família “Dos Santos”, desde o período do Governo de José Eduardo dos Santos.

“Ela nunca teria acesso aos recursos e às posições que teve nessas empresas e aos recursos do próprio Estado angolano se não fosse filha do Presidente angolano. Em termos da legislação internacional quanto ao combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, ela era uma pessoa politicamente exposta, exactamente pelas suas ligações ao Presidente angolano”; acusa Ana Gomes e acrescenta:

“Um dos esquemas a que a senhora Isabel do Santos recorreu foi o dos empréstimos, um esquema clássico para a lavagem de dinheiro – que sabia que vinha de origens contestáveis, muitas delas de recursos desviados do seu país e, obviamente, tendo a possibilidade de movimentar essas quantias porque tinha uma posição privilegiada sendo filha do Presidente de Angola e não por mérito próprio como empresária”, revela Ana Gomes.

Luanda Leaks

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou, em Janeiro de 2020, mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de ‘Luanda Leaks’, que detalham alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que entretanto morreu, que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, através de paraísos fiscais.

De acordo com a investigação jornalística, Isabel dos Santos terá montado um esquema que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares para uma empresa sediada no Dubai, a Matter Business Solutions.

Rui Pinto

Rui Pinto, de 34 anos, que recentemente teceu declarações assumindo ser o autor do ‘Lunda Leaks’ responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República portuguesa, e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.

Formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, a profissional actua no mercado de comunicação há 18 anos. Iniciou a sua carreira em 2004, apresentando um programa de rádio e logo migrou para a comunicação digital, para a impressa e, posteriormente, a institucional. Tem vasta experiência como web journalist, criação e gestão de redes sociais, tendo participado dos projectos de desenvolvimento de diversos sites, blogs e redes sociais governamentais, privados e do terceiro sector. Reside em Luanda desde 2012, tendo trabalhado como jornalista no portal de notícias Rede Angola, como assessora de imprensa e directora de Comunicação e Operações nas Agências NC - Núcleo de Comunicação e F.O.T.Y, atendendo diversos clientes governamentais e privados. Actualmente trabalha como editora do portal Correio da Kianda.