Análise
O dia do livro em tempo de quarentena – Edson Kassanga
Num contexto bastante diferente de outros anos, assinala-se hoje, dia 23 de Abril, o DIA DO LIVRO E DOS DIREITOS DE AUTOR. Essa alteração resulta do aparecimento e expansão pelo mundo do propalado Coronavirus, um vírus oriundo da República Popular da China cuja letalidade é uma verdade de la palisse e cuja cura definitiva ainda se desconhece.
Apesar das consequências dantescas que a pandemia vem causando, ela estreitou a solidariedade entre os homens, assim como a intimidade desses com os livros, justificadas sobremaneira pelo confinamento decretado pelos governos de meio mundo com intuito de abrandar, de banir a proliferação do vírus e dessarte evitar, ao máximo, o número de mortes.
Assim, a celebração desta importantíssima data, dia 23 de Abril de 2020, vai ser marcada pela “exquisitez”; uma vez que, em contraste com os longos anos transactos, não se realizarão feiras de livros, nem se verá abraços e muito menos beijos entre as pessoas comprometidas e ligadas à essas actividades de magna nobreza. Ou seja, está expressamente proibida a interacção física, tanto entre escritores, bem como entre esses com os leitores.
O DIA DO LIVRO começou a ser comemorado em Catalunha, Espanha, onde -a partir de 1926 e em homenagem à morte de Miguel Cervantes, o expoente máximo da Literatura Espanhola e Autor de Dom Quixote De La Mancha – é ofertada um rosa a quem compra um livro. Por conta da aprovação, assim como das réplicas que esse acto teve em outros países, a UNESCO, Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura, instituiu, em 1995, o dia 23 de Abril como dia do Livro e dos Direitos de Autor com fito de estimular a reflexão sobre a leitura, a indústria de livros e a propriedade intelectual, além de obviamente homenagear os autores.
É nota assente que essa data reveste-se de um enorme símbolismo para literatura universal, porquanto, para além de coincidir com a morte do autor de Dom Quixote De La Mancha, ocorreram muitos outros acontecimentos que não se apartam do universo supracitado, mormente os nascimentos de Vladimir Nabokov e de Jorge de Lima, as morte de William Shakespeare e de Garcilaso De La Vega.
Em Angola, embora ainda muito timidamente, também se tem reconhecido a importância do livro como fonte de conhecimento, como ferramenta de incremento da inteligência emocional e do humanismo, como factor de coesão nacional, como transmissor de habitos e costumes entre gerações, como impulsionador do crescimento turístico, científico, enfim, como promotor de desenvolvimento nas suas mais diversas facetas.
Em consideração à essas valências, estão agendadas algumas actividades em alusão à efeméride. Dessas, o acento tónico recai para o lançamento, apenas em formato digital devido à necessidade de observação das medidas contra o também conhecido Covid-19, de uma coletânea intititulada ” Escritos de Quarentena” na qual se notabiliza o casamento aprazível e plausível entre a velha e a nova geração de escritores angolanos. A obra comporta textos de multiformes géneros literários e foram escritos por um conjunto de autores com realce para Hélder Simbad e José Luís Mendonça. Segundo o Jornal de Angola publicado no dia 22 do corrente mês, “a primeira edição da referida coletânea é lançada hoje, às 16 horas, em formato digital” no site: www.edicoeshandyman.com.
Portanto, tal como tem acontecido nas efemérides que tiveram lugar durante estes últimos meses, marcados pelo efeito Covid-19, o dia do Livro e dos Direitos de Autor já não será celebrado envolvendo a reunião de centenas de pessoas num único espaço. Porém, igualmente em constraste com o anos passados, o livro conquistou maior reconhecimento e apreço no coração de cada pessoa que, por falta de opções de diversão ou de oportunidades, teve de ficar em casa lendo mais do que o habitual. Por um lado ouve um declínio no contacto físico entre as pessoas ligadas ao livro (editores, leitores, escritores, livreiros….), mas por outro lado aumentou o tempo que as pessoas vinham dedicando à leitura.
FIQUE EM CASA E LEIA MAIS. Feliz dia do Livro e dos Direitos de Autor!