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Opinião

O Congresso da Manutenção ou quebra do Status-quo?

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Teoricamente «os partidos políticos têm por fim auxiliar os eleitores a tomarem decisões perante as diversas opções políticas, esclarecendo-as politicamente, guiando-os as escolhas dos que melhor podem governar pelo que desempenham um papel de intermediários entre governo ou os poderes públicos por um lado ao conjunto dos cidadãos por outro».

Logo, melhorar sua performance política por meio do marketing político permanente e do eleitoral em vésperas de eleições, por via do debate e discussões dos mais diversos assuntos deve ser o pão de cada dia.

É fundamental massificar os ideais e por via desta ter novos membros, introduzir por via da ideologia política partidária os preceitos do partido, prepará-los para ocupar cargos de destaque e estar a altura dos cada vez mais novos desafios próprios das democracias e da competição política.

Aos partidos que se assumem como sendo de massas, a tarefa é ainda maior pois para esses, serrar fileiras em torno do projecto político é uma constante. Os partidos estão sempre atentos a estes sinais e, ter os mais brilhantes activos da sociedade nas suas trincheiras é outra luta diária. É legítimo que os partidos assim o procedam, mas é igualmente legítimo o cidadão em causa dizer sim ou não. A qualidade do militante pode ser definida pelo nível de intervenção pública, política, qualidade na abordagem dos fenómenos e defesa do interesse partidário sem ferir o primário interesse do Estado onde, este é parte.
Ao contrário da UNITA, O MPLA precisa de correr mais visando instalar uma nova elite da base ao topo, capaz de sanear a imagem de jovens descomprometidos que a antiga liderança do seu braço juvenil deixou. Um saldo político negativo. Nos seus vários escalões, a JMPLA de Álvaro Manuel de Boavida Neto, Paulo Pombolo, Coutinho Nobre Miguel ou mesmo da Anabela Diniz, são alguns dos tempos que podem ser considerados de glória mesmo com as dificuldades políticas de então, nomeadamente o contexto de guerra que mina a coesão partidária. O reinado de Sérgio Luther Rescova Joaquim, é marcado por um crescimento politico na JMPLA em particular e do MPLA no geral, mas que não foi capitalizado. Ao invés disso as elites do CC (comité central) e BP (B. político) distraíram os jovens com uma agenda fútil e afastada dos reais assuntos do partido e do país, a discussão do poder político. Coisa que foi bem interpretada por quem na altura detinha a gestão nacional do braço juvenil. Os jovens nos partidos representam o pulmão político, fonte permanente de quadros sobre tudo (sociologia dos partidos políticos). A juventude deve discutir poder, agenda política e exigir que seus associados sejam candidatos a cargos de destaque no partido e no país (se for governo).
Os desafios da juventude angolana no geral são enormes, o regresso ao crescimento, a promoção e afirmação do desenvolvimento é dever da geração de 80 que, está a fazer 40 anos até 2020. A geração de 1990 já está aqui e, tem 30 anos. Esta luta por afirmação é geral e para os partidos é fundamental.

Do ponto de vista partidário e no MPLA propriamente dito, caberá ao novo líder gerir crises e choques cada vez mais violentos dentro e fora do partido. Hoje o MPLA já não tem a mesma expressão de antes, pois hoje já não é a força que sempre controlou as massas. É missão do novo líder tentar reposicionar ou adequar o partido aos novos tempos que, os “kotas” não querem assumir que são outros.

A sociedade civil está a cada dia mais activa e promove “combates” constantes e de elevada complexidade. Diante deste quadro, que tipo de líder juvenil precisa ter um partido?

Os candidatos provêm de duas diferentes praças políticas onde, nos últimos dois anos estas digladiam-se para terem cada vez mais influencia nas decisões políticas. Ter o secretário nacional da JMPLA na parte sul por exemplo, significa fortificar Huíla e Benguela (duas das mais agitadas praças políticas do MPLA de JLO) províncias que, estão a dar muita luta política interna no “glorioso”.
Este VIII congresso ordinário da JMPLA pode marcar de facto uma promessa deixada no VII Congresso Ordinário do MPLA, segundo a qual haveria a injecção de sangue novo representando uma reforma significativa na ordem de 75%, sendo que 35% de Jovens e 40% de Mulheres aos corgos de gestão do partido e do país concomitantemente. No entanto, houve é um alargamento do CC e do BP, ao invés da saída de “Velhos” e entrada de jovens políticos, numa clara alusão de renovação na continuidade. Coisa dos Camaradas. Em teoria uma das finalidades dos partidos é manter e reforçar a sua coesão interna, mediante a revitalização permanente dos seus quadros.

Portanto, se me perguntassem quais dos dois candidatos venceria? A resposta seria: Perguntem aos Delegados do Congresso. Mas não posso deixar de assinalar que, há elementos como: Idade, contexto de quebra e a manutenção do status-quo propõem um momento político de “reformas” e, dão largas vantagens a Domingos Betico Francisco. Pelo pouco que nos deram a ouvir ontem no curto exercício que colocou frente a frente os candidatos na Zimbo, não foram suficientes para mensurar as ideias dos mesmos, mas ainda assim Betico deixou claro que está sintonizado com o líder (JLO) e demostrou melhor clareza na abordagem dos desafios da sua organização.

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