África
Nigéria declara estado de emergência por escassez de comida
O presidente da Nigéria, Bola Tinubu, declarou na última sexta-feira, 14, estado de emergência em todo o país, devido ao aumento dos preços dos alimentos, o que levou a uma escassez de produtos da cesta básica no seio das famílias nigerianas.
As iniciativas do governo incluem o uso de dinheiro economizado pela recente remoção dos subsídios de combustíveis para fornecer fertilizantes e grãos aos agricultores. Além disso, neste novo plano de intervenção, as famílias mais pobres vão receber 10 dólares americanos por mês durante um semestre.
“Garanto a todos os nigerianos que ninguém será deixado para trás nessas intervenções estratégicas”, afirmou Tinubu.
Após assumir a Presidência, Tinubu removeu o subsídio aos combustíveis, que estava em vigor há décadas e mantinha o preço baixo dos produtos petrolíferos. Com a retirada do financiamento, os preços aumentaram em até 200% em algumas regiões do país. No entanto, o presidente nigeriano defendeu a medida, afirmando que é essencial usar esse dinheiro de maneira mais eficaz.
Este aumento do preço dos combustíveis afectou indirectamente a economia, sobretudo pelo facto de muitos nigerianos dependerem de geradores para o fornecimento de eletricidade. Há alguns dias, uma associação de padeiros alertou que os preços de pães subiriam 15% .
À emissora britânica BBC, algumas famílias nigerianas afirmaram que não conseguiam mais comprar pão. Além do auxílio mensal proposto pelo governo, a organização governamental National Safety Net Program comprometeu-se em distribuir 6 dólares americanos todos os meses a 12 milhões de famílias nigerianas.
O governo nigeriano afecta ainda a possibilidade de as famílias mais vulneráveis virem a ter acesso a grãos e fertilizantes também oferecidos aos agricultores, apesar da declaração não ter divulgado os números.
“Espera-se que o programa estimule as actividades económicas no sector informal e melhore a nutrição, a saúde, a educação e o desenvolvimento do capital humano das famílias dos beneficiários”, disse Tinubu.
Em janeiro, a Organização das Nações Unidas publicou um relatório que projectou que mais de 25 milhões de nigerianos estavam em alto risco de insegurança alimentar, ou seja, não seriam capazes de comprar alimentos nutritivos suficientes todos os dias. Apesar da projecção ter sido publicada este ano, as preocupações com a insegurança alimentar generalizada na Nigéria, o país mais populoso da África, são antigas.
O país também vai aumentar a protecção aos agricultores, já que muitos precisaram abandonar suas terras após se tornarem alvo de gangues que sequestram os trabalhadores em troca de resgate. De acordo com dados dos serviços de segurança nigeriana, nos últimos 12 meses, mais de 350 agricultores foram sequestrados ou mortos – sendo a maioria dos ataques no norte do país.
Segundo o conselheiro do governo, Dele Alake, estas novas medidas darão oportunidade aos agricultores retornarem às suas terras agrícolas “sem medo de ataques”. No entanto, não foram divulgados os detalhes sobre o plano do governo para enfrentar as gangues do crime organizado.
Agora, os assuntos relativos a alimentos e água essenciais vão ser da responsabilidade do Conselho de Segurança Nacional, que é composto pelos chefes de segurança do país e pelo Presidente.
Malquiel Mateus
17/07/2023 em 10:30 pm
Isso é absurdo. Os líderes africanos, deviam ter vergonha.
Tantos recursos e nem sequer conseguem Aproveitá-los para garantir o bem-estar. Como é possível um país entrar em estado de Emergência por falta de comida??