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Neta de Mussolini ameaça processar quem fale mal do avô nas redes sociais
Alessandra Mussolini envolveu-se numa acesa polémica com a comunidade judaica italiana após ameaçar processar quem criticasse o seu avô, Benito Mussolini, nas redes sociais, noticiou hoje a Reuters.
Alessandra Mussolini tornou-se eurodeputada pelo Forza Italia, em 2014, força partidária de Silvio Berlusconi. Este ano afastou-se do partido, tendo-se aproximado do Liga Norte, partido que integra a coligação de poder na Itália. A Liga Norte é liderada pelo actual ministro do Interior, Matteo Salvini, que fez do discurso anti-imigração a base da sua campanha.
Foi na noite de 16 de Outubro que Alessandra Mussolini fez “um aviso à navegação” no Twitter, relativamente a publicações que possam ser consideradas “ofensivas” para com a memória de seu avô.
A eurodeputada foi rapidamente alvo de críticas, que se têm intensificado os últimos dias, particularmente entre a comunidade judaica local, que sofreu com as políticas do aliado dos nazis. O Times of Israel destaca a reacção já viral de Enrico Fink, um actor e cantor italo-judaico.
Fink escreveu uma carta aberta à neta de Mussolini a dizer que compreendia a tentativa desta de defender a memória de um avô que não teve oportunidade de conhecer e comparou o caso de Alessandra Mussolini ao seu, com uma diferença: o avô de Mussolini teve responsabilidades na morte do avô do músico e cantor.
Roberto Della Seta, um activista pelo ambiente e político, também de ascendência judaica, respondeu a Alessandra Mussolini para lhe dizer que graças ao avô da eurodeputada, o seu pai, então com 16 anos, foi expulso da escola. Graças aos seguidores do líder fascista, um total de 16 pessoas da sua família foram entregues aos nazis. Acabariam por morrer gaseados em Auschwitz. Seta termina a sua publicação no Twitter a perguntar a Alessandra se, depois de tudo isto, “vai ficar ofendida por chamar criminoso” a Mussolini.
Mussolini, recorde-se, foi figura de proa dos regimes ditatoriais de extrema-direita na Europa do século XX. O fascismo que levou a cabo foi acompanhado de proximidade ao regime nazi, tendo levado a Itália a lutar ao lado dos alemães na Segunda Guerra Mundial.
Mussolini acabou por ser capturado e morto pela resistência italiana no dia 28 de Abril de 1945, altura em que a Europa estava já a ser libertada do nazismo. O seu corpo e o da sua companheira, Clara Petacci, ficaram expostos numa das praças centrais de Milão, para que a população os visse. Mussolini deixou mulher, Rachele Mussolini, e dois filhos.