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Opinião

Necessidade da construção de um modelo económico angolano sustentável

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Introdução

A construção de um modelo económico sustentável para Angola é uma necessidade premente, considerando os desafios estruturais e as oportunidades que o país apresenta. Como académico, acredito que a sustentabilidade económica deve ser entendida não apenas em termos de crescimento, mas também em relação à inclusão social, à proteção ambiental e à resiliência económica.

Preocupado com a actual situação em que o país está mergulhado, decidi colocar o meu fraco conhecimento sobre política económica ao dispor de uma reflexão profunda da necessidade de construção de um modelo económico angolano sustentável.

O termo económico supostamente deriva do latim da palavra economia, cujo prefixo “oikos” significa administração e “nomos”, casa. Sendo assim, a administração da casa, exige de quem detém o poder, perceber que uma administração sustentável exige pragmatismo, planificação, avaliação permanente, das estratégias, dos constrangimentos, das fraquezas, das forças e oportunidades. Nos últimos 10 anos, desde 2015, é notório uma decadência económica acentuada, fruto de políticas mal elaboradas e implementadas com apoio ao nepotismo, corrupção activa e passiva dos gestores do erário público.

A decadência do nosso sistema cambial acompanhado da fuga de capitais, à dependência do PIB atrelada a exploração petrolífera sem um investimento sério nas infraestruturas que possam capitalizar e alavancar a economia nacional por via diversificação da produção interna, torna o país dependente de importações e dividas internas e externas excessivas. Neste contexto, diante da realidade constatada, é possível perceber que o modelo económico angolano tornou-se insustentável e precisa ser reavaliado e reestruturado. É nesta senda que a nossa visão como acadêmico surge para contribuir para a construção de um modelo económico angolano sustentável.

Desafios Estruturais

Angola enfrenta uma série de desafios que dificultam o desenvolvimento de um modelo económico sustentável. A dependência excessiva do petróleo, que representa a maior parte das receitas do Estado e das exportações, torna a economia vulnerável a choques externos.

A volatilidade dos preços do petróleo, como observado nas últimas 2 décadas, impactou directamente o orçamento do governo e os investimentos em sectores fundamentais, como saúde, educação e o comércio interno.

Além disso, a alta taxa de desemprego, particularmente entre os jovens, e a pobreza persistente são questões que não podem ser ignoradas. Esses factores indicam a necessidade de um modelo que promova a criação de empregos, a redução das desigualdades sociais e do preço dos bens de primeiras necessidades.

Visão para um Modelo Sustentável

1. Diversificação da Economia:

Um dos pilares fundamentais para a sustentabilidade econômica é a diversificação. Angola deve investir em sectores como agricultura, turismo, cultura, energias renováveis e indústrias.

A agricultura, por exemplo, pode não apenas garantir a segurança alimentar, mas também criar empregos e reduzir a dependência de importações e ampliar as possibilidades de exportações. O turismo, com seu potencial inexplorado, pode atrair investimentos e promover o desenvolvimento local, apoiando os sectores da hotelaria, restauração, cultura e desporto.

As energias renováveis podem facilitar o investimento em localidades de difícil acesso energético hídrico ou fosseis e contribuir para melhoria do ambiente.

As indústrias permitirão melhor exploração dos recursos naturais e criarão empregos para juventude. Para que a diversificação da economia não se limite a discursos ou documentos bem elaborados, mas maus executados e com resultados monótonos, é necessário investir os excedentes da venda de petróleo para financiar o sector produtivo, como o agropecuário, o pesqueiro e o industrial, incentivando os micro empreendedores investirem na criação de empregos sustentáveis.

2. Desenvolvimento de Infraestruturas:

A melhoria das infraestruturas de transporte, energia e comunicação é essencial para facilitar o comércio e atrair investimentos. Um país com boas infraestruturas é mais competitivo e pode oferecer melhores condições para o desenvolvimento de empresas locais.

As vias de comunicação como as estradas, hospedarias, posto de abastecimentos e escoamentos de produtos diversos, sistemas de aproveitamento e distribuição de água para produção agrícola e pecuária, sinal de comunicação telefônica acessível à todas localidades, constituem factores relevantes para o desenvolvimento da microeconomia angolana. O executivo precisa ter um programa permanente de construção e concessão de infraestruturas comerciais e sociais de apoio à produção agropecuária, pesqueira e industrial em todo território nacional, prevenindo assim as assimetrias regionais. De salientar que, quando o Estado intervém na construção e concessão de infraestruturas comerciais.

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