Sociedade
“Não se combate a estiagem, convive-se com ela”
O Director Geral da ADRA, Carlos Cambuta, é de opinião de que a solução para o problema da seca que se verifica todos os anos, no Sul do país, não passa pelo seu combate, mas que deve conviver-se com ela pelo facto de ser um fenómeno natural, e que não depende da acção humana.
Carlos Cambuta falava a margem de um evento realizado recentemente em Luanda, durante o qual referiu que a sua organização está a acompanhar a estiagem no Sul do país, “com muita preocupação porque a estiagem é um fenómeno natural, e por esta razão temos estado a dizer que não se combate a estiagem, mas convive-se com a estiagem, através da adopção de mecanismos que estejam ao alcance da população afectada”.
Entre as medidas, no entender do Director da ADRA está a aposta na melhoria das chimpacas (cacimbas), a construção de cisternas de calçadão, que servem para captar e reservar as águas durante a época chuvosa e servir também de abastecimento nas épocas em que se registam escassez das chuvas. “Estes e outros projectos devem, em parceria com os governos provinciais, ser multiplicados para evitar as consequências drásticas que temos vindo a assistir”, advertiu.
Para aquelas regiões onde o fenómeno é pouco frequente, Carlos Cambuta sugere a aposta na agricultura baseada na irrigação. “A questão da seca é mundial enquadrada das abordagens climáticas, que está presente todos os anos, e há toda uma necessidade de as famílias camponesas começarem a desenvolver uma agricultura baseada na irrigação e deixar de depender sempre das chuvas”, aconselhou.
O facto de existir em Angola cerca de 86% de pessoas que praticam a agricultura na base das chuvas, leva o director da ADRA a classificar o “quadro como bastante critico”, e que “deve ser encarado com muita preocupação, na medida em que isto não vai contribuir para aumentar os níveis de produção e de produtividade”.
Carlos Cambuta avançou ainda que o Executivo orientou às famílias a apostarem no cultivo de produtos que resistem aos longos períodos de seca, como a mandioca, massango, massambala, entretanto considera “tratar-se de uma medida acertiva”, para permitir que as famílias tenham acesso a alimentos em épocas secas.