Politica
Não há terceiro mandato: João Lourenço pode ter o nome no ‘livro’ dos democratas angolanos
Os primeiros anos do primeiro mandato do Presidente João Lourenço entram para a história como o período que devolvera a esperança aos angolanos, e os murros que deu para sacudir a corrupção, e o “sabes quem eu sou”/impunidade, foram vistos por todos. Entretanto, a alta de preços dos produtos da cesta básica provocada pela desvalorização do kwanza gerou desagrado popular, e associado a isso, grupos não identificados puseram a circular informações de que o Presidente que antes se mostrara um democrata, pretendia pontapear a Constituição da República e manter-se no poder para um terceiro mandato.
O Presidente João Lourenço pôs um fim aos rumores de que pretendia concorrer para mais um mandato presidencial, entretanto, não permitido pela actual Constituição da República.
Os rumores, que circulam há mais de um ano gerando debates inclusive ao nível dos órgãos de comunicação social, afinal não passaram de especulações criadas para denegrir seu nome e imagem.
Em entrevista à revista francesa Jeune Afrique, o Estadista angolano recordou que, em 2021, altura em que promoveu uma alteração constitucional, que tornou o Banco Central numa entidade independente do Governo, o seu partido tinha mais de 2/3 do Parlamento angolano, o que lhe permitiria criar a possibilidade de um terceiro mandato caso fosse este o objectivo.
De referir que, em relação ao tema “possível terceiro mandato de João Lourenço” foram criadas muitas teorias.
Importantes revistas e boletins de consultoria internacional, em muitos casos usados por políticos e investidores estrangeiros para se ter uma ideia mínima sobre a situação de estabilidade do país, bem como condições jurídicas e etc, poderão ter criado um certo sentimento de medo e clima de tensão junto do empresariado nacional e estrangeiro, face aos seus escritos sobre a matéria em causa.
Alguns boletins, com base em fontes anónimas, referiram que as estratégias para um terceiro mandato para o Presidente João Lourenço estava a ser engendrada pelo general Garcia Miala, director do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), e que tinha várias opções.
Entre as opções que alegadamente poderiam ser adoptadas para o alcance dos objectivos, segundo estes boletins de consulta internacional, constam, em primeira instância, face à actual composição da Assembleia Nacional, tendo em conta os resultados das eleições de 2022, convencer a UNITA, através de acordos, a votar a favor de uma alteração constitucional que permitisse um terceiro mandato a João Lourenço; e em caso de rejeição por parte da direcção da UNITA, corromper individualmente um número de deputados da UNITA que permitisse o alcance de dois terços; outra opção, ainda segundo estes boletins, passaria por se criar uma falsa tentativa de golpe de Estado contra o Presidente da República, o que criaria um situação de indefinição política, anulando assim a possibilidade de realização de eleições em 2027.
Portanto, ao que tudo indica, tendo em conta as declarações de João Lourenço à Jeune Afrique, estes rumores não passaram disso mesmo: meros rumores sem fundamentos.
A posição manifestada pelo Presidente angolano, que agora assume também a presidência da União Africana, pode colocar João Lourenço no ‘livro’ dos democratas angolanos e africanos, à dimensão de Joaquim Chissano, antigo Presidente de Moçambique.
João Lourenço é sem dúvida a figura que pôs fim a largos anos de impunidade, em que, por exemplo, governantes e oficiais militares ocupavam terras de pacatos cidadãos por via da força.
Quase eliminou do léxico angolano a célebre declaração: “vai queixar-se onde quiseres”, bem como o desvio quase generalizado ao erário e sem consequências.