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Economia

“Não existe fórmulas para se ter um câmbio saudável”, diz economista

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A vulnerabilidade das reservas internas internacionais líquidas, tendo em conta o trabalho que o Banco Central vai fazendo sobre o controlo das mesmas reservas e a questão do câmbio informal, que também tem influenciado na alteração dos preços, apontados como grandes desafios para a economia angolana.

Para o economista José Lumbo, que falava no evento em comemoração dos 54 anos de existência da Faculdade de Economia (FECUAN), “a economia angolana ainda é muito informalizada e desta feita a alteração do câmbio no mercado informal influencia significativamente na alteração dos preços”, situação que considerou preocupante, pois é “necessário que se faça o alinhamento da política cambial”.

Ressaltou, entretanto, que os bancos comerciais têm estado a fazer algum trabalho no que concerne a política cambial, mas ainda assim não é suficiente.

José Lumbo afirmou que muitas vezes é questionado sobre o que deve ser feito para se ter um câmbio saudável, já que é economista, pelo que diz não existir fórmulas, e que deve-se apenas fornecer a quantidade necessária, pois há um desnível da oferta e da demanda.

Disse ainda que o Banco Central tem estado a fornecer algumas divisas, mas não de forma frequente, pois desde Abril, que o Banco Central apresentou um histórico de vendas de divisas, mas, segundo ele, o problema está identificado.

Segundo o especialista, “o problema é social e tem nome: fome, coisa que preocupa a todos os economistas, pois o país não tem comida”.

E deixou a questão: por que que não tem comida? A resposta é, segundo o economista, por “Angola ainda importar, o arroz, o feijão e o milho”.

“Isso faz com que Angola enfrente dificuldades que afectem o câmbio, que para os economistas é muito vantajosa, mas um quesito que falta em Angola é a produção interna, que seria sem dúvida a solução, pois iríamos atrair capital externo, teríamos investidores a vir para o país para adquirir bens e serviços a fim de levar para o resto do mundo, só que estamos a viver o inverso”, lamentou.

José Lumbo, aponta para a necessidade urgente de mudança de paradigma, do ponto de vista da política cambial, pois a política adoptada hoje está articulada para todos os níveis, seja para quem vai para o exterior passear, seja para quem vai comprar bens e serviços, seja para quem vai importar maquinaria, e seja para quem pretende trazer indústria para cá, todos acabam por estar num regime único, logo é necessário que hajam regimes diferentes principalmente para aquelas entidades que trarão um valor acrescentado, pois quem pretende montar uma fabrica por exemplo deve ter um regime de câmbio específico.

Apelou ainda que é necessário por todos os cérebros a pensar para resolver essa questão, pois o que está a afectar os preços é a “Taxa de Câmbio” e lembra que a Faculdade de Economia formou pessoas capazes de produzir o nosso próprio modelo econométrico, para que não fiquemos dependentes do Banco Central, e para que se evite que as políticas macro económicas adoptadas e definidas no país, continuem a ser feitas a pensar apenas num grupo reduzido de pessoas que decidem, pois as políticas macro económicas devem ser feitas a pensar no geral sem esquecer as pessoas com alto nível de vulnerabilidade.

A Faculdade de Economia (FECUAN) completou 54 anos de existência, no passado dia 02 de Setembro, e nesta senda foi realizada uma palestra com o tema “Necessidade de um novo paradigma da política cambial para Angola”.

Por Judith Costa
Edição: Fabiana André 




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