Politica
“Não basta simplesmente falar de eleições autárquicas”, diz observador eleitoral
O observador eleitoral internacional, reverendo Ntoni-a-Nzinga, disse não existir condições para a realização das eleições autárquicas no país, em apenas quatro meses para o fim do ano, apelando, desta forma, que se realize, em simultâneo, com as eleições gerais de 2022.
A orientação foi emitida numa altura em que as formações políticas na oposição com assento no parlamento, UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA, e algumas organizações da sociedade civil, acusam o Presidente da República, João Lourenço, e o partido no poder, MPLA, de falta de vontade política em realizar as eleições autárquicas prevista para este ano.
O religioso Ntoni-a-Nzinga afirma que um processo eleitoral à dimensão das autarquias, precisa de tempo suficiente para organizá-lo em termos financeiros, técnicos e humanos. Nzinga, sublinhou que, para além destes factores, não foi feito um trabalho suficiente para que “tenhamos um processo transparente e credível, caso seja realizado este ano”.
O também analista político defendeu um maior esclarecimento aos cidadãos sobre a importância das autarquias e do por que irão votar.
“O cidadão deve ser bem informado para saber por que e para que vai votar”, assegurando que eleição é um processo de diálogo que envolve candidatos e eleitores.
Com experiência adquirida em diversos países como observador eleitoral, Ntoni-a-Nzinga disse que o processo das eleições autárquicas em Angola é um instrumento político novo. E aconselha aos actores políticos e sociedade civil a serem preparados com maior cuidado para que se evite acusações de fraudes.
“Não basta simplesmente falar de eleições”, disse, propondo que as eleições autárquicas devem ser realizadas juntamente com as eleições gerais de 2022.
Covid-19
Nzinga disse que a sua sugestão sobre o cancelamento das autarquias para este ano, não tem nenhuma relação com a pandemia da covid-19 que assola o país, mas, simplesmente, porque não “teremos tempo para nos organizarmos”.
Ntoni-a-Nzinga, umas das vozes mais autorizadas no panorama político nacional, afirmou que não acredita “que em quatro meses que faltam para o fim de 2019, o nosso país esteja em condições de realizar as eleições autárquicas”, e vê com bons olhos a realização das duas eleições, em simultâneo, em 2022.
O reverendo responsabiliza a Assembleia Nacional pela morosidade na discussão e aprovação na generalidade da lei do pacote legislativo autárquico: “houve pouco empenho dos parlamentares”, sublinhando que tiveram “muito tempo para que se fizesse mais, mas fez-se pouco”.