Opinião
Mulheres líderes em África
O continente africano enfrenta desafios enormes, com uma população jovem em grande crescimento, infra-estruturas subdesenvolvidas, falta de formação técnica, fraca governação e enormes défices de financiamento no sector social, mas, estes desafios não são invencíveis, especialmente se, se acelerar os investimentos que devem ser feitos na educação, especialmente das mulheres e mais ainda, das mulheres negras, e, se os governos e instituições privadas promoverem a igualdade de género e de oportunidades, é um grande passo que se dá. Contudo, a construção de um ecossistema empresarial liderado por mulheres exige um esforço enérgico tanto da parte dos governos, como do sector privado.
Foi com base nesta informação, que Tony Mayo, Professor da prestigiada Harvard Business School, iniciou uma pesquisa sobre “ O que é necessário para que Mulheres Afro-americanas alcancem o topo no Sector Empresarial?”.
Os parâmetros para esta pesquisa foram vários, mais o mais importante deles, foi que as empresas lideradas por mulheres, deviam estar cotadas numa das bolsas de valores no continente, tendo uma capitalização de mercado mais de 150 milhões de dólares ou sendo uma empresa global cotada na bolsa com uma capitalização de mercado de mais de 50 mil milhões de dólares e operações significativas em África.
A Lista Definitiva de Mulheres CEOs de África é o produto de um projecto de investigação orientado por dados que começou por identificar todas as empresas cotadas em todas as vinte e uma bolsas de valores em África – uma lista de mais de 1400 empresas.
Depois disso, os investigadores concentraram-se nas maiores empresas – aquelas com uma capitalização de mercado de 150 milhões de dólares ou mais, resultando numa lista de 355 empresas.
Uma vez identificadas estas 355 empresas, as maiores de África, os investigadores pesquisaram então a informação pública disponível sobre as equipas de gestão destas empresas, e houve um processo exaustivo de pesquisa para perceber onde as mulheres se enquadravam na estrutura organizacional global da empresa, e confirmar que estas detinham verdadeiramente uma autoridade consistente com o seu título. Para se qualificarem para a Lista, as mulheres tinham de ter um cargo de CEO ou director-geral à frente de uma destas empresas.
A lista foi compilada ao longo de vários meses, através de um profundo esforço de investigação para examinar a gestão das grandes empresas, no continente e os resultados da pesquisa foram apresentados num evento realizado recentemente, onde a lista com os nomes das 50 mulheres líderes em África foi divulgada. No evento, além do reconhecimento e visibilidade que estas mulheres receberam, devido ao árduo trabalho que enfrentaram para chegar ao topo na gestão das empresas que lideram, houve a apresentação de vários painéis, e num deles, estas mulheres puderam contaram as suas histórias de ascensão ao topo da “África empresarial”. Um outro painel debateu sobre o que as bolsas de valores estão a fazer a nível mundial para inserir mais mulheres na gestão de grandes empresas.
O grupo MultiChoice esteve representado através de da sua CEO, para o Entretenimento Yolisa Phahle, uma apaixonada por televisão que começou a sua carreira na BBC, como apresentadora, produtora e sonoplasta.
Desempenhou vários papéis na MultiChoice Africa do Sul e é agora a força motriz por detrás da estratégia de conteúdo do Grupo. Ou seja é responsável por entregar o melhor conteúdo internacional e local aos mais de 19,5 milhões de subscritores, tendo sempre como foco principal a inovação, o desenvolvimento e crescimento do sector.
“É uma honra ser reconhecida juntamente com outras mulheres que lideram grandes negócios em África. Espero que os nossos esforços colectivos preparem o caminho para que mais raparigas africanas alcancem os seus maiores objectivos nas empresas do sector privado africano e não só“, disse na ocasião Yolisa Phahle. “Sem se ter em conta o nível académico e posição social, as mulheres dão o melhor de si para educação das famílias e melhoria das sociedades, ou seja, se depender das mulheres, o futuro do continente pode ser mudado”, acrescentou Yolisa.
Apesar dos números mostrarem uma subida gradual das mulheres na gestão das grandes corporações, noutro sentido há dados que apontam para a sua discriminação, continuam a ser as mais pobres e é sobre elas que incidem vários tipos de violência.