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Mulheres lideram lista dos casos de transtornos mentais em Luanda

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Em 2024 foram atendidos um total de 28.437 pacientes com transtornos mentais, em diferentes unidades sanitárias da província de Luanda, segundo o coordenador provincial do Programa de Saúde Mental e Abuso de Substâncias. Sebastião André disse que o aumento considerável das doenças mentais no país, tem preocupado as unidades hospitalares, tendo ressaltado que as mulheres compõem o maior número de afectadas pelos diferentes tipos de transtornos.

No mês de Janeiro, segundo o coordenador provincial, os hospitais de Luanda atenderam mais de dois mil pacientes, tendo apontado os factores hereditários, sociais e económicos como as principais causas.

Os transtornos mentais são considerados como uma doença do fórum psicológico. Na abordagem da psicóloga Ana Fernandes, as mulheres configuram a lista das mais afectadas pela existência de várias famílias desestruturadas, onde mulheres são abandonadas pelos maridos, fuga à paternidade, violência doméstica, dentre outras situações que as mulheres passam dentro da própria sociedade, que contribuem no elevado número de casos de transtornos mentais.

Entretanto, a psicóloga acredita que podem existir mais dados do que os divulgados. A pouca cultura de consultar profissionais de saúde para o tratamento dos transtornos mentais contribui na divulgação de dados concretos.

Mesmo sem os dados científicos concretos, a profissional admite ser preocupante o número divulgado, partindo do princípio de que a “sociedade está visivelmente doente”. A apreciação é feita muitas vezes pelos profissionais com olhos clínicos.

“Olhamos para uma sociedade que nitidamente nós conseguimos ver que está doente”, disse ao Correio da Kianda.

Acrescentou, igualmente, que “a situação do cotidiano, a forma como muita gente se apresenta nas ruas, o estresse, a violência, a falta de empatia ao próximo, traduzem-se numa deteorização futura da sociedade”.

Os transtornos são consequência de uma vida mental não saudável, por isso, Ana Fernandes sugere “cultivar o hábito de procurar profissionais que velem pela saúde mental, independentemente, do estado que nos encontramos, fazer consultas de rotina, fazer acompanhamentos periódicos e exercitar a mente para uma resiliência suficiente. Estes itens poderão assertivamente contribuir numa saúde mental recomendável”, garantiu.

Políticas públicas

Para debelar os mais de vinte e oito mil casos tornados públicos, defendeu a psicóloga a criação de políticas públicas que visam estabelecer dentro das instituições públicas ou privadas profissionais da saúde mental para cuidar da saúde mental dos trabalhadores: “o acesso de médicos desta área deve ser facilitado para todos”.

“A sociedade clama por ajuda, clama por intervenção, cabe à todos promover a sensibilização nas comunidades sobre saúde mental”, acrescentou.

Afinando no mesmo diapasão, a também psicóloga Sílvia Jorge avançou a este jornal que tem sido notório o aumento dos casos dos transtornos mentais, por várias razões, como factores ambientais, psicológicos, biológicos e até hereditários.

Continuou dizendo que os transtornos são caracterizados por pensamentos, percepções, comportamentos anormais e emoções, tendo as reais causas como abuso sexual, violência doméstica e algumas preocupações dentro do seio familiar.

A psicóloga assegurou que apesar das mulheres estarem na liderança dos casos, os homens também figuram a lista, mas são mantidos na criação de resistência pelo estigma.

“Por causas culturais, muitas vezes os homens foram ensinados a esconder as suas emoções para não serem conotados como fracos, por isso, aderem pouco ao apoio psicológico para lidar com a saúde mental”, revelou.

Os dados sobre os elevados casos de saúde mental foram avançados durante a palestra de “Nutrição e Falciformação”, promovida pela Associação de Ajuda às Crianças com Hemoglobinopatia (ONG EFATHA) sob o lema “Drépas somos todos, para a visibilidade, promoção e inclusão da pessoa com anemia falciforme em Angola”.

Radio Correio Kianda




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