Bastidores
MPLA discute liderança na ausência de Dos Santos
A sucessão de José Eduardo dos Santos na liderança do Movimento de Libertação de Angola, (MPLA) pode vir a ocorrer em abril próximo, segundo fontes do Correio da Kianda, sem que, para tal, Eduardo dos Santos esteja presente.
O mês que foi indicado durante a reunião do Comité Central dos camaradas para a realização de uma reunião alargada com vista a analisar a proposta do líder sobre as datas em que o partido poderá realizar o seu congresso extraordinário, vai servir agora, prossegue a fonte do correio, para formalizar o previsto no n.º 2 do artigo 75º dos estatutos do MPLA. “No caso de renuncia, o vice-presidente assume, interinamente, a presidência do MPLA até a realização do congresso extraordinário, a realizar-se no prazo não inferior a noventa dia”.
A mesma fonte indica que o MPLA não sairá do encontro de Abril com dos Santos afrente dos camaradas porquanto antes da viagem deste à Espanha, na semana seguinte da reunião do comité central, fez uma carta renúncia que deixou ao secretário-geral do partido, Paulo Cassoma, para ser lida em Abril.
Na carta, reforça a fonte, José Eduardo dos Santos terá apresentado a sua posição quanto a liderança do Partido. “Deixou uma carta bem clara quanto a isso. Pediu para que a mesma seja lida durante a reunião de Abril e que a sua vontade seja respeitada na cúpula”. Rematou.
Reforça, por outro lado, que a carta feita, as pressas e na véspera da viagem, é resultado do tratamento que os seus co-legionários o deram em plena reunião, fundamentalmente aos que considera históricos que pensava estarem do seu lado na ideia de não querer abandonar a liderança do partido nos próximos anos, mesmo depois da sua promessa de o fazer em 2018.
Diz-se que JES terá mesmo comentado que se sente traído por aqueles, pois, tudo fez nestes 38 anos de poder para os contentar e no momento em que precisa deles deixaram-no a Deus dará.
A fonte reforça que quando João Lourenço se apercebeu da carta renúncia entrou em contacto com JES para uma reunião de emergência com vista a abordar o assunto, mas foi mal sucedido já que, em resposta, aquele terá dito que já tinha um compromisso familiar marcado e que só se reuniria com ele após o seu regresso de Espanha que, se comenta, não se verificará antes de Maio.
Refira-se que a se confirmar a informação de renúncia contida na carta, o MPLA, segundo os seus estatutos, deverá ser dirigido, interinamente, pelo Vice-Presidente, no caso, João Lourenço, até que este crie condições para convocar e realizar um congresso extraordinário de sucessão do demissionário.
Do resto, a questão da liderança do MPLA está a provocar uma acesa discussão que transcende o seio dos camaradas pelas conexões que tem com a governação do País, pois, a propalada bicefalia torna o debate mais interessante porque segundo os seus “inimigos” a existência de dois poderes – do partido e do Governo – complica o exercício pleno de um deles o que, por si só, clama por unificação destes dois poderes numa única pessoa, João Lourenço, no caso, como, aliás, fez o próprio José Eduardo dos Santos nestes trinta e oito anos que presidiu o partido e o País.