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Politica

Movimento Independentista de Cabinda denuncia detenção do seu secretário-geral

A detenção de Carlos Vemba surge após uma entrevista dada ao movimento à Voz da América, onde o político tinha anunciado uma “marcha pacífica” para assinalar o aniversário do Tratado de Simulambuco.

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O Movimento Independentista de Cabinda (MIC) afirmou que a “polícia colonial angolana” deteve esta sexta-feira o secretário-geral da organização antes de uma “marcha pacífica” prevista para o início da tarde para assinalar os 134 anos do Tratado de Simulambuco.

Numa mensagem na rede social Whatsapp, o secretário para a Informação do MIC, Sebastião Macaia, que está incontactável por telefone, indicou que a detenção de Carlos Vemba surge depois de uma entrevista dada pelo secretário-geral do movimento à Voz da América (VOA).

A polícia colonial angolana acaba de deter Carlos Vemba, secretário-geral do MIC, que, ontem [quinta-feira], numa entrevista à VOA, confirmou a realização da marcha, hoje, 1 de fevereiro. Abaixo a colonização angolana. Viva Operação Cabinda Livre. Libertem Carlos Vemba”, lê-se na mensagem.

Segundo Sebastião Macaia, a detenção de Carlos Vemba e também a de mais um apoiante do MIC, junta-se aos restantes 32 apoiantes do movimento detidos na terça-feira em Cabinda pela polícia angolana.

Para esta sexta-feira está prevista a realização de uma “marcha pacífica”, organizada pelo MIC para assinalar o 134.º aniversário da assinatura do Tratado de Simulambuco (1885), documento que, para os movimentos secessionistas do enclave, está na base da luta pela independência, mas não é ainda possível confirmar se a iniciativa está a decorrer ou se foi impedida pela polícia.

“Face a todas estas perseguições, o Povo de Cabinda decidiu manter de pé a marcha pacífica”, que irá desfilar a partir do largo do antigo cemitério de Zangoio (ou “Parada dos Fiéis”) até ao largo onde se situa o monumento em memória do Tratado de Simulambuco, referiu na quinta-feira à Lusa o secretário para a Informação do MIC.

Na marcha, acrescentou, além de visar protestar “contra a colonização angolana e a favor da autodeterminação e independência de Cabinda”, vai também ser exigida a “libertação imediata” de todos os apoiantes do MIC detidos nas prisões do enclave angolano que faz fronteira com a República do Congo e com a República Democrática do Congo.

Em agosto de 2017, a polícia de Cabinda prendeu 13 membros do MIC sob a acusação de “prática do crime de reuniões ilegais e contra a segurança do Estado”, tendo o Tribunal Provincial local absolvido todos os visados no julgamento sumário realizado seis dias depois.

O Tratado de Simulambuco foi assinado em 1 de fevereiro de 1885, pelo representante do Governo português Guilherme Augusto de Brito Capello, então capitão tenente da Armada e comandante da corveta Rainha de Portugal, e por chefes e oficiais do reino de N’Goyo.

O tratado colocou Cabinda sob protetorado português e foi elaborado antes da Conferência de Berlim, que dividiu África pelas potências europeias.

A procura da independência data, no entanto, de 1956, quatro anos depois da união administrativa com Angola, com a formação do Movimento de Libertação do Enclave de Cabinda (MLEC) e, em 1963, dois anos depois do início da guerra em Angola, são criados o Comité de Ação da União Nacional dos Cabindas (CAUNC) e a Aliança Maiombe (ALLIAMA).

A Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) é fundada nesse mesmo ano, como resultado da fusão dos movimentos existentes e de forma a unir esforços que sensibilizassem Portugal para o desejo de independência.

Mais recentemente, a FLEC passou a designar-se Frente de Libertação do Estado de Cabinda.

A Lusa contactou o governo provincial de Cabinda, mas ainda não conseguiu nenhuma resposta.

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