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Morreu Alberto Silva “Pepino”

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Uma indisposição. Um resfriado e um internamento. Em menos de 24 horas, Angola perde uma das figuras desportivas mais queridas, pela sua vitalidade e desafio à longevidade. A 24 de Outubro de 2018, Alberto Silva “Pepino” completaria 96 anos. É um marco que valoriza a trajectória desportiva deste cidadão ímpar, inspirador de novas gerações. O velho-leão ainda pedalava a sua bicicleta mais de 100 km/semana, num autêntico desafio à resistência física e ao seu equilíbrio psicológico. Patriarca dos “Pepinos”, tinha um quotidiano rigorosamente regrado, desde a alimentação, descanso, cuidados primários de saúde, sexualidade e socialização. Vestindo-se religiosamente de calções, o nonagenário construiu um império familiar que começou com a Marcenaria Muxima, passou pela sua Equipa de Ciclismo, pelo Hotel Luso e agora, há quase uma década, projectou a sua Fundação para perpetuar o nome e valores assentes numa saúde exemplar, alimentação saudável, cultura, desporto, civismo, patriotismo e espírito de vencer.

A sua “arma secreta” tem um nome e rosto: Odete Silva, sua amada esposa. Professora de profissão, licenciada em Ciências de Educação, era a balança que regulava o quotidiano do ancião. Impôs uma disciplina comportamental, vida regrada e alimentação padronizada. “O Alberto está sempre bem disposto e a brincar. Não abusa de gorduras e a sua alimentação é a base de legumes, saladas, papas de flocos, grelhados de peixe e churrasco de galinha gentia”, explicava Odete Silva, assegurando que as suas bebidas de eleição eram a quissangua de farinha de milho feita no dia e sumos naturais. Alberto Silva nunca adoeceu, apesar da idade. Qualquer sintoma de desequilíbrio na sua saúde deixava-o muito nervoso e com insónias. “Ele é muito medroso na doença. É próprio das pessoas que nunca ficam doentes, mas não preocupa muito”, dizia Odete Silva numa entrevista que me concedeu.

Alberto Silva, ou simplesmente “Pepino”, como é conhecido, nasceu a 24 de Outubro de 1922, na província de Benguela. 

Em 1975, por ocasião da independência, superou o seu recorde pessoal ao cobrir a pé a distância que separava Benguela de Luanda, saudando o advento da Independência de Angola e os seus precursores, ganhando a simpatia de todo o povo angolano. Verdadeiro nacionalista, este serralheiro de profissão, que  na sua Marcenaria Muxima, encravada nas traseiras do Hotel Luso, propriedade da família, Pepino, foi amigo pessoal do primeiro Presidente da República, Agostinho Neto, a quem, segundo reza a história, chegou a oferecer uma mobília completa.

Em 2015, o ciclista, com 92 anos na altura, pedalou 40 quilómetros no mesmo trajeto numa hora e 19 minutos, com o propósito de homenagear os heróis do 4 de Fevereiro de 1961.

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