África
Moçambique: Mondlane volta ao país com denúncias contra autoridades
Uma semana depois das notícias que davam conta de que Venâncio Mondlane encontrava-se em parte incerta, depois de um ataque a sua caravana, na cidade de Maputo, o ex-candidato presidencial de Moçambique regressou esta segunda-feira, 10, ao país.
Ao desembarcar no aeroporto Internacional de Maputo, capital do país, Venâncio Mondlane concedeu uma entrevista colectiva a diversos órgãos de Comunicação Social, durante o qual denuncia actos diversos das autoridades moçambicanas, tendo incluído políticos.
Na entrevista, o ex-cabeça de lista do partido PODEMOS, começou por dizer que a sua saída do país teve três razões fundamentais, descartando informações que sugeriam ter fugido por conta do risco de perseguição de que estaria a ser alvo.
“O que me levou a sair do país são basicamente três razões: a primeira tem a ver com o convite que recebi do Conselho das ONG’s da SADC, uma espécie de um fórum das ONG’s que enviaram convites a titulares de cargos públicos, mas também a álbuns políticos influentes. Tínhamos três dias de um trabalho relativamente a cooperação que ele estão a pedir […]. O segundo tem a ver com a visita ao convite que eu tive do antigo presidente do Botswana, que era para termos uma conversa que foi para mim, uma das mais espectaculares coisas que eu já vivenciei enquanto pessoa. E a terceira tem a ver com uma parceria que nós fizemos com a media 1, canal de media global, que estava no Botswana, e que está neste momento a fazer alguns acordos informais com determinadas figuras que eles acham que que querem ter informações privilegiadas”, clarificou.
Quando confrontado com informações que davam conta de que teria fugido do país, Venâncio Mondlane respondeu que não faz sentido, ao lembrar que no dia 9 de Janeiro, quando chegou ao país no quadros dos tumultos que ocorriam no país na sequência das eleições gerais no seu país, havia definido três objectivos.
“Um deles, o principal, era estar à disposição da Justiça porque eu sabia que haviam vários comunicados da PGR que diziam que haviam um processo contra mim, apesar de que eu nunca ter sido notificado sobre os mesmos. Então era para dizer que estou aqui presente para enfrentar a justiça para responder a tudo que for acusado”, disse.
Mondlane acrescentou ainda que estar disponível para a mesa do diálogo entre os partidos políticos na busca por soluções à crise pós-eleitoral no país, visto que dizia-se naltura que não estava interessado por se encontrar fora do país.
“Terceiro era estar próximo do meu povo. Como vocês sabem, estamos numa fase em que estão acontecer muitos sequestros, muitos assassinatos, incluindo ate valas comuns”, denunciam, sublinhado que comprovou as informações por ter feito uma viagem para provar às autoridades a sua existência no interior de Moçambique.
Ainda sobre as informações relacionadas a assassinatos naquele pais da África lusófona e subsariana VM7, como também ficou conhecido durante o período eleitoral, afirmou que neste último final de semana foram assassinadas duas pessoas em Massinga. As duas vítimas têm precedentes que caracterizou de interessantes, relacionados com o discurso do Presidente Daniel Chapo, sobre defender o pais contra as manifestações “mesmo que fosse necessário jorrar sangue”.
O segundo precedente está relacionado com o chefe de um Quarteirão que dizia à polícia moçambicana, em vídeo que viralizou nas redes sociais, que conhecia os responsáveis pelas manifestações em Massinga e que estava disposto a mostrá-los às autoridades policiais.
“Curiosamente no dia seguinte os meus colaboradores em Massinga foram assassinados”, afirmou.
Lembrou ainda que no passado dia 5 de Março corrente, durante uma marcha de celebração, à semelhança do que já vem fazendo nas províncias e cidades de Gaza, Téte, Inhambane e em Maputo, escapou à morte, acusando o chefe de Estado Daniel Chapo, como responsável, fruto da “instrução” que deu à Polícia em jorrar sangue para defender o país.
Apesar disso, Venâncio Mondlane afirmou estar pronto e disposto para “defender o seu povo”.
Nesta terça-feira Venâncio Mondlane vai apresentar-se à Procuradoria Geral da República para responder aos crimes de que está a ser acusado fruto dos distúrbios que ocorreram no país no quadro da crise pós eleitoral.
Sobre esse assunto, disse “ter pouca expectativa”.