Desporto
Ministro exige sindicância e promete caçar aldrabões do desporto nacional
O ministro da Juventude e Desporto, Rui Falcão, fez um alerta duro e sem rodeios: há “aldrabões no desporto angolano” que precisam ser responsabilizados com urgência.
A declaração surgiu na sequência da polémica exclusão de atletas da Seleção Nacional Feminina Sub-16 de Basquetebol, durante os Jogos Africanos da Zona 5, na Namíbia, por suspeitas de fraude etária.
Em declarações públicas esta semana, o ministro não poupou críticas ao sistema e apontou o dedo à “aldrabice generalizada” que, segundo ele, contamina não só o desporto, mas toda a sociedade angolana.
“Não é um problema apenas do desporto, é um problema do Estado. E infelizmente a nossa sociedade hoje vive da aldrabice. Essa aldrabice não é só ao nível do desporto, é ao nível de toda a sociedade”, afirmou.
Falcão destacou que a situação de falsificação de idades prática conhecida como “batota etária” não é nova e tem vindo a ser detectada em outras seleções e modalidades. “O que aconteceu na Namíbia já tinha acontecido antes. É apenas o levantar da ponta do véu”, frisou.
O ministro responsabilizou diretamente estruturas como as famílias, técnicos, dirigentes e instituições formativas, defendendo que o problema tem de ser tratado a partir de uma abordagem intersectorial e com medidas firmes.
“Há atletas que têm idades aldrabadas. E isso não é só responsabilidade do atleta, nem do técnico. Isso começa em casa. É um problema que implica a família, a sociedade, o Estado.”
Rui Falcão, revelou ainda que Angola já dispõe de hospitais com capacidade para realizar triagens de idade biológica, e que missões técnicas estão actualmente no terreno, incluindo uma em Timor e outra na Namíbia, para apurar responsabilidades.
O governante garantiu que, assim que os relatórios forem concluídos, ações corretivas e disciplinares serão tomadas contra os envolvidos nos esquemas fraudulentos.
“Vamos fazer a nossa parte, isso lhe garanto. Já começámos a agir. Mas não vamos parar por aqui.”
A denúncia de Rui Falcão surge num momento em que crescem as preocupações com a credibilidade do desporto juvenil nacional e com a forma como o oportunismo, a corrupção e a negligência institucional comprometem o futuro dos jovens talentos.