Angola que dá certo
Militares da Marinha de Guerra angolana terminam formação em Portugal
A bordo do navio português Figueira da Foz, 18 militares da Marinha de Guerra angolana demonstraram, na semana finda, as capacidades adquiridas ao longo de seis semanas de formação conduzida pela Marinha Portuguesa, focada em operações de patrulhamento e fiscalização do tráfego marítimo.
A formação está inserida na Acção Capacitação Técnica no Domínio da Segurança Marítima, dinamizada pela Facilidade de Diálogo União Europeia-Angola e que visa fortalecer a segurança marítima e a economia de Angola, concorrendo para a protecção do Golfo da Guiné de ameaças como pirataria, roubo armado e pesca ilegal.
A acção de demonstração ocorreu no passado dia 25 de Julho, na Baía de Sesimbra, a bordo do navio português Figueira da Foz, no âmbito da Capacitação Técnica no Domínio da Segurança Marítima, uma acção dinamizada pela Facilidade de Diálogo União Europeia-Angola, projecto financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento.
A demonstração contou com a presença de chefias da Marinha de Guerra Angolana e da Marinha Portuguesa, bem como representantes da Facilidade de Diálogo UE-Angola, ressaltando a importância dessa parceria.
“Este exercício é o culminar de uma formação da Marinha de Guerra Angolana nas áreas de Segurança Marítima e Fiscalização Marítima, que também enriqueceu a Marinha Portuguesa. Estamos muito satisfeitos de ter participado neste projecto”, explicou o Comodoro Valente Tinoco, Comandante do Corpo de Fuzileiros da Marinha Portuguesa.
Durante seis semanas, os 18 militares angolanos frequentaram acções de formação na Escola de Fuzileiros (EFUZ) e no Centro Integrado de Treino e Avaliação Naval (CITAN) da Marinha Portuguesa, adquirindo competências específicas em operações de abordagem, socorro e fiscalização marítima. A iniciativa conjunta visa melhorar a capacitação operacional da Marinha de Guerra de Angola no patrulhamento e na fiscalização do tráfego marítimo, assim como o incremento da segurança na região do Golfo da Guiné.
“Foi uma experiência muito rica e conseguimos obter conhecimentos muito sólidos. O principal objectivo era adquirir uma bateria de ferramentas o mais variada possível de forma a dar continuidade a esta formação” apontou o formando Renato Lourenço, Tenente de Fragata da Marinha de Guerra Angolana.
“Desde o início, esta Acção está vocacionada para reforçar a capacitação da Marinha de Guerra Angolana tendo em conta o potencial da costa angolana e as responsabilidades de Angola na área da segurança marítima do Golfo da Guiné”, afirmou Bruno Carapinha, chefe da equipe da Assistência Técnica da Facilidade de Diálogo EU-Angola.
Destacou também que esta iniciativa não capacita apenas os 18 formandos, mas também possibilita que eles possam levar este conhecimento para a Marinha de Guerra Angolana e prosseguir com outras iniciativas.
A acção visa fortalecer a segurança marítima
A segurança do Golfo da Guiné- uma importante área marítima que se estende por 6.000 km da costa atlântica africana, do Senegal a Angola – está ameaçada pelo aumento da pirataria, roubo armado contra navios, pesca ilegal e outras atividades ilícitas. A Zona Económica Exclusiva (ZEE) angolana, que corresponde a 40% do território total de Angola e tem uma dimensão de 501.050 km2, abriga recursos naturais valiosos que precisam ser protegidos.
Nesse sentido, esta Acção da Facilidade de Diálogo UE-Angola constitui um passo relevante na capacitação técnica da Marinha de Guerra Angolana para exercer a autoridade do Estado no mar, promovendo a segurança marítima e a regulação das atividades económicas nesta parte do território nacional. Para além disso, contribui para a sustentabilidade dos recursos marinhos numa região de grande importância para a União Europeia, que recentemente estabeleceu essa área como Zona Marítima de Interesse no âmbito das Presenças Marítimas Coordenadas, promovendo a cooperação internacional e a parceria no mar.
Programa da capacitação técnica
O programa de formação é dividido em dois sub-programas: um para qualificação em técnicas de abordagem relacionadas com a segurança; outro para qualificação em técnicas de fiscalização. Ambos os sub-programas incluem formandos com perfil de ‘operador’ ou ‘supervisor’. Os operadores serão treinados para executar tarefas de abordagem ou fiscalização em ambiente de baixo risco, enquanto os supervisores serão qualificados para planejar, coordenar e conduzir ações de treinamento, além de serem capacitados para formar e treinar no futuro operadores de forma autónoma, garantindo assim continuidade dos conhecimentos e competências adquiridas no seio da Marinha de Guerra Angolana.
Sobre a Facilidade de diálogo UE-Angola
A Facilidade de Diálogo UE-Angola é um projecto financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento, que visa apoiar Acções promovidas por instituições angolanas e europeias para aprofundar a troca regular de conhecimento e boas práticas nas áreas definidas pelo Acordo Caminho Conjunto Angola-União Europeia com relevância para o Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022.
A Facilidade de Diálogo UE-Angola é governada pelo Comité de Pilotagem do Projecto, constituído pela Embaixadora da União Europeia em Angola, pelo Ministro da Economia e Planeamento e pelo Ministro das Relações Exteriores de Angola.