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Média do PIB africano vai se estabilizar em 4% nos próximos dois anos

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O crescimento médio do PIB africano estabiliza em 2023 e 2024, apesar dos recentes ventos contrários, diz o novo relatório do Banco Africano de Desenvolvimento.

As condições mundiais desfavoráveis levaram ao aumento da inflação, a custos mais elevados do serviço da dívida e a um aumento do risco de dívida excessiva nos países em desenvolvimento. As economias africanas permanecem resilientes e com uma perspectiva estável neste e no próximo ano, apesar das condições financeiras mundiais apertadas, prevê o Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), num novo relatório.

O relatório Desempenho e Perspectivas Macroeconómicas de África em 2023, estima que a média do PIB africano se estabilize em 4% nos próximos dois anos, contra 3,8% em 2022.

Ao apresentar o relatório, a 17 de Fevereiro, à margem da 36ª Assembleia da União Africana, em Adis Abeba, o economista chefe e vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Kevin Urama, afirmou que o continente poderia beneficiar da elevada procura das suas matérias-primas, uma vez que os países procuram alternativas alimentares e energéticas em resposta às perturbações causadas pela guerra na Ucrânia.

O continente, observou, continua a ser um tesouro para investidores inteligentes a nível mundial, mas deve lutar por taxas de crescimento mais elevadas, economias mais inclusivas, e maior resistência a choques externos.

“A perspectiva estável projectada para 2023-2024 reflecte o contínuo apoio às políticas em África, os esforços globais para mitigar o impacto dos choques externos e o aumento da incerteza na economia global”, disse, segundo comunicado enviado ao Correio da Kianda.

A nova publicação, a ser lançada no primeiro e terceiro trimestres de cada ano, proporcionará aos decisores políticos africanos, investidores globais e nacionais, investigadores e outros parceiros de desenvolvimento uma avaliação actualizada e baseada em evidências sobre o desempenho macroeconómico recente do continente e as perspectivas a curto e médio prazo, no meio de uma evolução económica global dinâmica.

Urama instou a acções políticas arrojadas: “Para colmatar as significativas lacunas de financiamento em África, é imperativo adotar políticas que possam mobilizar e alavancar o financiamento privado para o desenvolvimento em África”, afirmou.

Inflacção 

As condições mundiais desfavoráveis levaram ao aumento da inflacção, a custos mais elevados do serviço da dívida e a um aumento do risco de dívida excessiva nos países em desenvolvimento, incluindo África.

“Tal como em muitas economias nos mercados emergentes, o aperto das condições financeiras e a valorização do dólar americano tiveram consequências desastrosas para a maioria das economias africanas”, afirmou Urama. “Também se tornou difícil para os países africanos aceder aos mercados internacionais de capitais para novos financiamentos”, acrescentou.

A maioria das moedas africanas, especialmente nos países exportadores de matérias-primas, perdeu um valor substancial em relação ao dólar em 2022, devido ao aperto da política monetária nos Estados Unidos. As taxas de depreciação variaram entre 21% no Malawi e 69% no Sudão do Sul.

Urama advertiu que a fraqueza da moeda nas economias mais globalmente integradas de África, como a Argélia, Quénia, Nigéria e África do Sul, pode persistir em 2023.

“Os principais motores da depreciação da moeda incluem as condições financeiras globais mais restritivas e a fraca procura externa, desequilíbrios macroeconómicos, receitas limitadas e fracos fluxos de investimento, e aversão ao risco político associado aos ciclos eleitorais dos países”, disse Urama.

As posições orçamentais dos países africanos já foram esticadas pelas respostas políticas à covid-19 e pelo apoio às populações vulneráveis contra o aumento dos preços dos alimentos e da energia, num contexto de uma dívida elevada e impactos das alterações climáticas.

Outros ventos adversos económicos incluem os efeitos colaterais do aumento das tensões geopolíticas, particularmente a invasão russa da Ucrânia. Estas condições estão a empurrar a estabilidade dos preços para lá do controlo da maioria dos bancos centrais.




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