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Memórias

Mário Pinto de Andrade – O presidente do MPLA que chegou a Ministro da cultura da Guiné-Bissau

Divulgador da cultura negra, ideólogo do panafricanismo, Mário Pinto de Andrade foi também um incansável lutador pela independência do seu povo o que o levou a primeiro presidente do MPLA. Forçado ao exílio, em 1974, por questionar a ditadura do partido único imposta pelo MPLA, militando na Revolta Activa, Andrade inicia um périplo pelo mundo que só termina com a sua morte 15 anos depois.

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Mário Pinto de Andrade nasce no Golungo Alto a  21 de Agosto de 1928 , mas, com apenas 12 anos, vai para Luanda onde faz os estudos primários e secundários. Com 20 anos ruma a Lisboa para estudar Filologia Clássica na Faculdade de Letras de Lisboa. Inicia então um período fértil em contactos com revolucionários e nacionalistas das então colónias e através de leituras políticas. Com Agostinho Neto, Amílcar Cabral e Francisco José Tenreiro, cria o Centro de Estudos Africanos. Em 1954 Andrade exila-se em Paris onde se relaciona com o restante círculo africano de nacionalistas e do movimento negritude, tomado contacto com Senghor ou Mandela. Aí dirige, até 1958, a conceituada revista africana Présence Africaine.

Após estes anos de viagens, de contacto com muitos revolucionários e com leituras, muitas delas de influência marxista e pan-africanista, Pinto de Andrade faz parte activa do processo de criação do MPLA, sendo mesmo o seu primeiro presidente (versão posta em dúvida pela actual liderança de João Lourenço). Em 1960, com Viriato da Cruz como secretário-geral, transferem a direcção do MPLA de Luanda para Conakry. Ocupa o cargo durante dois anos até à fuga de Agostinho Neto de Portugal. Em 1961 é eleito secretário-geral da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas. Entretanto, preocupados com o que consideravam a deriva totalitária do MPLA, Mário Pinto de Andrade e o seu irmão, Joaquim Pinto de Andrade, criam dentro do partido a facção Revolta Activa que ganha maior expressão depois da libertação, em 1974. Com este processo muitos destes críticos vão ser perseguidos e presos, Mário de Andrade foge de Angola onde nunca mais regressará em vida. É acolhido na Guiné-Bissau, onde chega ao Governo com a pasta da da Informação cultura (1978/80). Depois do golpe de estado de Nino Vieira volta a exilar-se numa viagem que nunca mais terminará. Ao longo dos dez anos de vida que lhe restam, passa por Portugal, França, Moçambique e Inglaterra onde acaba por falecer a 26 de Agosto de 1990.

A obra de Mário Pinto de Andrade é pouco extensa, mas destaca-se o seu livro Origens do Nacionalismo Angolano e o Caderno de Poesia Negra de Expressão Portuguesa que organiza com Francisco José Tenreiro em 1953.

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