Politica
“Manifestações não vão parar”, diz UNITA
Esquadras móveis queimadas, barricadas nas estradas, desmaios por parte dos manifestantes e várias detenções, fazem parte dos registos da manifestação deste sábado, 24, realizada por um grupo da sociedade civil com o apoio da UNITA.
Sem gravar entrevista, de passagem na zona da Vila Alice, um dos locais onde foram efectuadas detenções de pelo menos 40 manifestantes, o militante sénior do “galo negro”, Lukamba Gato, repudiou a actuação da Polícia Nacional, que com recurso à força, dispersou e deteve os manifestantes.
“Não é assim que a polícia deveria agir, isso está errado. A polícia deveria saber que a população é sempre maior”, disse!
O deputado e secretário provincial do maior partido da oposição, em Luanda, Nelito Ekuikui, afirmou também ter sido agredido pela polícia. Em declarações à Lusa, Nelito Ekuikui disse não ter havido nenhuma razão que justificasse a agressão e afirma ter sido retido durante cerca de uma hora, acusando as autoridades de “uso excessivo da força” e de estarem a cometer uma ilegalidade.
“Disseram que a manifestação não pode ocorrer porque viola o decreto presidencial [que actualiza a Situação de Calamidade Pública e entrou em vigor hoje], mas estão a violar a Constituição”, afirmou o deputado da UNITA, recordando que ele próprio foi legislador da lei de protecção civil, que não contempla a suspensão de direitos como os de manifestação.
Manifestantes reclamam da acção policial
“Claramente, este decreto foi forjado para impedir a manifestação”, acusou Nelito Ekuikui, criticando a presença das forças armadas nas ruas de Luanda e aconselhando o Governo a recorrer ao diálogo porque os protestos “não vão parar”.
O deputado da UNITA afirmou também que um dos organizadores da manifestação, o activista Dito Dali foi ferido e teve de receber assistência hospitalar, tendo sido detidos “cerca de 40 jovens”, entre os quais o presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira.
A marcha de hoje, convocada por activistas da sociedade civil, mas que contou com a adesão da UNITA e outras forças da oposição, visa reivindicar melhores condições de vida, mais emprego e a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola, que estavam previstas para este ano e foram adiadas sem nova data.
Com Lusa