Politica
Malanje: grupo acusa administração de boicotar peça teatral por razões políticas
Trata-se da peça teatral “A paz podre e a fuga da muata a muini” que seria exibida no auditório do Instituto Técnico de Saúde Jardim do Éden, no último sábado, que foi boicotada pelas autoridades administrativas do município sede da província de Malanje por alegada ilegalidade.
O actor Mano Nkruma entende que razões políticas estão na base da proibição da exibição da peça, uma vez que já tudo estava preparado para os actores fazerem ao palco.
O também membro do movimento Lev’Arte em Malanje garante que a actividade era do conhecimento da Direcção Municipal de Cultura e Turismo de Malanje.
“Nós já tínhamos a máquina toda montada e o pessoal ensaiou, a sala garantida e foi em última instância que o responsável pelos auditórios do Instituto Técnico de Saúde Jardim do Éden, jovem Larson, faltando pouco menos de uma hora, ele aparece com um cadeado para fechar a sala”, afirmou.
Quando questionado, avança a nossa fonte, o funcionário do Instituto respondeu que recebeu uma Comissão da Administração Municipal e que orientaram que as actividades daquele dia não podiam ocorrer, “por se tratar de uma actividade de activismo político”.
Na sequência, Mano Nkruma disse que contactou pessoalmente, via telefónica, o Director Municipal da Cultura de Malanje, Jonivânio Cassuada, que o convidou para o seu gabinete onde obteria as explicações, convite que entretanto rejeitou, por conta do estado emocional em que se encontrava por conta da situação.
“Então ele com a sua equipa, depois de um tempinho, foram para o terreno e exigiam documentos da peça, a guia da realização da actividade, etc”, afirmou, classificando como “descabida” a argumentação das autoridades.
Nkruma sustenta as suas afirmações com o facto de que “o Lev’Arte é um movimento cultural que já organiza actividades naquele auditório há anos”.
“Se o Lev’Art já organiza actividades há anos, porque só agora é necessário uma guia de actividades? E eu não consigo olhar noutra perspectiva que não nós fomos proibidos por razões meramente políticas”, afirmou.
Já o Director Munucipal da Cultura e Turismo da Administração de Malanje, Jonivânio Cassuada, disse que a proibição deveu-se ao facto de a organização não ter cumprido com o estabelecido no Decreto Presidencial número 111/11 de 31 de Maio.
“O Decreto Presidencial número 111/11 de 31 de Maio é o decreto que estabelece os espetáculos e divertimentos públicos nas mais variadas áreas de uma circunscrição. E sendo assim, a organização precisaria de uma autorização, uma guia de autorização que lhe permitisse ter o seguimento da sua actividade”, disse.
O responsável garante que aos organizadores também foi pedido a alguma documentação vinda de um outro organismo, do gabinete provincial da cultura, mas que também não teve.
“O certo é que deveria cumprir, de certo modo, alguns pressupostos legais e não cumpriu. Daí que entendemos não permitir com que a actividade tivesse o seu seguimento”, finalizou.