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Reportagem

Malanje: falta de escolas no centro das preocupações da população de Calandula

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A falta de escolas do Ensino Primário em todas as localidades do município de Calandula, consta da lista dos principais problemas que aquela comunidade vive há anos, na província de Malanje.

Algumas crianças, dos vários bairros e comunas do Município,  vêm-se obrigadas a percorrer vários quilómetros a pé, todos os dias, para chegar as escolas.

As demais, cujos pais não conseguem vagas nas poucas escolas,  estão sem estudar, algumas em escolas de missões católicas, em outras localidades do município, obrigando as crianças a percorrer várias distâncias para terem aulas.

Um dos exemplos,  vem do bairro Mateus Mota, onde de acordo com os moradores, não existem professores.

“Lá no mota não tem escolas [do ensino primário] para as crianças. O administrador  já ia ver, mas também não conseguiu meter lá o professor”, afirmou ao microfone do Correio da Kianda, a Senhora Maria Domingo, interpelada na Feira da Saúde e da Cidadania na sede do município de Calandula, organizado pelo FAS- Instituto para o desenvolvimento Local, tendo acrescentado que a localidade em que mora,  possui uma única escola.

Eliseu Joaquim,  é um jovem estudante de 33 anos, natural de Calandula. À nossa reportagem,  contou que naquele município,  existem “muitas crianças fora do sistema de ensino”.

“Há bairros, por exemplo, que estão aqui a 15, 20 quilômetros,  e ainda não têm escola, e as crianças, por vezes, percorrem 30 quilômetros para poder chegar ao local onde tem escola. Então, isso é a maior preocupação que temos”, afirmou.

Um dos exemplos que cita,  é o bairro do Luxilo, há cerca de 11 quilômetros da sede municipal, e que segundo fez saber “é um bairro tão grande,  e que as crianças percorrem esses todos os quilômetros até chegarem à missão católica para poder estudar”.

O ancião André Pedro João é natural de Samba Caju, na vizinha província do Cuanza Norte. Desde 2007 que fixou residência em Calandula.  Inquirido a falar do município que o acolhe há 17 anos, disse que esse município turístico de Malange,  tem vários problemas,  que merecem resolução urgente das autoridades.

A falta de transporte público e de água potável,  constituem a ponta dos problemas da região.

A falta de registo civil e de vias trafegáveis, bem como de água potável, foram igualmente apontadas como problemas que a Administração municipal deve designar como prioritárias a sua resolução.

João Quinemona, um ancião natural de Calandula, nasceu há mais sete décadas. O ancião recorda que na era colonial, a água consumida pela população da sede municipal “era potável” e saía das quedas de Calandula. “Antigamente, era a água das quedas. Agora, hoje em dia, estamos a utilizar a água dos poços, de escavação dos Poços“, afirmou, sublinhando que  foi a guerra que destruiu as infra-estruturas que permitiam ter água a partir das quedas de Calandula, que distam há oito quilómetros da sede municipal. “Devido às guerras, aquilo foi destruído. Mas o lugar onde metia o branco ainda sempre existe. Mas o governo não quer compor aquela água. Então, hoje em dia, estamos a utilizar a água das cacimbas”, sublinhou.

O Administrador Adjunto para o sector Financeiro e Orçamento de Calandula, Kitas Ferreira, disse, que todos os problemas apontados pelos munícipes constam da carteira de projetos para a melhoria da vida social naquele município de Malange.

Ao responder à imprensa, Kitas Ferreira começou por dizer que “um dos maiores problemas que nós temos a nível de Calandula,  é a água potável. A Administração Municipal tem um projecto Manivela Zero.

“O programa de Manivela Zero é, na verdade, retirar as manivelas e fazê-las em sistema de água. Nós, no combate à pobreza, só até agora, nesse exercício,  já fizemos entrega de uma média de 10 sistemas de águas”, afirmou.

O responsável lembrou que recentemente, a administração entregou um sistema de água com uma média de sete chafarizes na Comuna do Cota, que fica perto de 35 km da cidade municipal.

“O nosso projecto é fazer com que os munícipes, nos bairros próximos, nas comunas, tenham então os pequenos sistemas de águas. Nós estamos a reabilitá-los e com sucesso. Agora, aqui, vamos entregar, acreditamos, dentro de duas semanas, ou no princípio do exercício econômico, nos primeiros 15 dias de janeiro, aqui na cidade municipal, um pequeno sistema de água da Cafuba, disse,  sublinhando,  tratar-se de um projecto enquadrado do programa de combate à pobreza.

Questionado sobre a possibilidade de as famílias de Calandula terem água nas suas habitações, o Administrador adjunto respondeu estar em curso na localidade, o trabalho de ligações domiciliares.

“Aí , onde existem os sistemas de água, a administração municipal, automaticamente, estamos a fazer ligação nas residências”, afirmou. Nos demais casos, será implementado já no próximo ano.

Outro problema apontado pelos munícipes de Calandula é,  o estado degradado em que se encontram as vias de comunicação, principalmente a que dá acesso a comuna de Cateco Ngola que tem 105 KM.

Kitas Ferreira explicou que,  Cateco Ngola, ascendeu à categoria de Município, no âmbito da Nova Divisão Político-administrativa de Angola, razão pela qual a sua administração deixa de ter qualquer intervenção.

“Das quatro comunas, duas ascenderam ao município, quer dizer que, em termos de preocupações para Calandula como tal, vamos é facilitar a expansão dos serviços às comunidades. As vias, na verdade, algumas delas estão com muitas debilidades”, reconheceu.

Quanto às soluções, Kitas Ferreiras disse ser difícil determinar uma data específica, pelo facto de se tratar de uma via do governo central.

“Mas nós, a nível dos nossos debates, a nível do Conselho  de Auscultação e Concertação Social, a nível da província, temos estado a reportar e, com certeza, o Governador Provincial, junto do Ministério, está a pautar para que essas vias tenham, então, em breve trecho, a sua resolução”, assegurou”.

Sobre a carência de quadros no sector da educação, o Administrador adjunto disse que Calandula espera receber uma quota no próximo concurso público de recrutamento de professores, parte deste número,  para trabalharem na nova escola de 12 salas de aulas já concluída e que aguarda para entrar em funcionamento.

Sobre a exiguidade de salas de aulas em Calandula, o governante reconhece o problema.

“Nós temos, sim, senhora, dificuldade de sala de aulas e esperamos que, claro, no próximo ano teremos muitos  desafios. Vamos incluir, então, na nova carteira  de projectos para o próximo exercício, ou melhor, já incluímos, para a construção  de novas salas de aulas e esperamos um novo concurso público para que tenhamos também mais professores para Calandula”, afirmou.

Prioridades máximas para 2025

Kitas Ferreira disse que são vários os projectos em carteira para o próximo ano. Entretanto, a prioridade máxima passa  por electrificar a comuna do Cota,  a construção de escolas do ensino secundário,  e a construção de unidades de saúde na comuna do Cota.

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