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Mais de 700 famílias aguardam realojamento em casebres desde 2002

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São no total 726 famílias que aguardam, desde 2002, por realojamento condigno, nos projectos de habitação social nos distritos do Zango, depois de o Estado construir os projectos de habitação social sobre os terrenos que eram suas lavras, onde além de desenvolverem as suas actividades laborais de cultivo, era também a fonte de subsistência.

Cerca de 19 anos depois, aquelas famílias continuam a residir em casebres de chapas, improvisadas, sem condições de habitabilidade e de higiene mínimas, e com problemas sociais a se agravarem.

Casebres de chapas encostadas umas às outras, sem casa de banho, água, energia eléctrica, altos índice de delinquência, prostituição e várias adolescentes grávidas e portando bebé, é o cenário que se vive no bairro do Kitondo 2, ao distrito do Zango 2, em Viana.

A coordenadora do Kitondo 2, Elsa Campos, disse que aquele bairro foi criado pelo governo provincial, que obrigou a que os camponeses que viram as suas lavras revertidas a favor do Estado para a construção das habitações sociais que actualmente se constituem os distritos do Zango, em Viana.

Em 2002, conta a coordenadora, todos os camponeses foram obrigados a se juntarem em uma zona, em casebres para serem rapidamente alojados nas residências que estavam a ser construídas, mas que passados quase 20 anos, continuam a aguardar pelas moradias condignas. Entretanto, o número de agregados familiares continua a multiplicar-se.

Domingas Sebastião António Dias, coordenadora da Organização da Mulher Angolama (OMA), ex camponesa, desde a década de 1990, disse que há já vários anos que o Governo provincial cadastrou os moradores da zona para o seu alojamento. Mas desde que o antigo coordenador do bairro, Cosa Gabriel, faleceu, o processo estagnou, apesar das promessas que têm vindo a receber.

“Desde que nós estamos aqui, meu irmão, estamos a reclamar muito para nos ajudar, para nos tirar daqui, mas não dizem nada”, disse. O Sítio onde nós trabalhávamos, as nossas lavras, nos receberam”, acrescentou.

Para minimizar estas preocupações, os moradores do bairro foram visitados pelo empresário Edson de Oliveira Caetano, que ofereceu diversos bens. 500 cestas básicas, 16 colchões, bem como diversos produtos para inicio de negócio de venda foi tudo quanto o jovem empresário ofereceu, avaliados em mais de 20 milhões de kwanzas.

“Decidimos vir aqui no bairro do Kitondo 2 para ajudar às pessoas que passam por várias dificuldades, disse, Edson de Oliveira, justificando que a acção enquadra-se no âmbito da responsabilidade social da sua empresa, Xtagiarius Finance, cuja sede está a escassos metros daquela comunidade.

Além dos bens, a Xtagiarus Finance ofereceu igualmente cinquenta postos de emprego, principalmente aos jovens que não encontram oportunidade de trabalho na zona.

Questionado sobre a possibilidade de levar a acção solidária à outras localidade, entretanto respondeu: “a princípio nós gostaríamos de fazer isso do ponto de vista de onde nós estamos situados, porque acredito que os empresários das outras localidades podem também fazer o mesmo. O apelo, na verdade é este: que cada um faça na localidade onde está inserido, e nós vamos estar aqui pelo Zango. Se houver necessidade nós vamos alargar, mas o Zango ainda tem muita necessidade”.

O “nível de vida precário” das pessoas daquela localidade é, segundo o CEO da Finance, o que o motivou a desenvolver a acção.

Edson de Oliveira, informou que o negócio que levou, é destinado aos idosos do bairro que devido a idade estão impossibilitados de trabalhar, para que consigam vender, junto das portas de suas casas pequenos negócios para manter a sua subsistência, “para de alguma forma dar algum consolo e trazer alguma alegria no rosto das pessoas”.

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