Sociedade
Mãe do Huambo Pai do Bié
Reportagem de Vasco da Gama, Zungado por esta Angola
Aqui no Huambo, cidade vida, tudo corre à medida da paz.
Anda-se tranquilamente, dorme-se profundamente, curte-se dia e noite, trabalha-se insensatamente, considerando os horários e turnos de cada empresa, em fim, a vida nestas “bandas” simboliza, exactamente a paz efectiva que se vive há 17 anos, pelo menos no que ao calar das armas diz respeito.
No entanto, como ocorre com todos os “novatos” nas equipas de futebol, movimentos apostólicos, grupos teatrais, de dança, de estudo e com os visitantes a uma certa província, nós logo à chegada, procuramos prestar atenção no que nos encaixamos.
E, neste sentido, o primeiro elemento que salta à nossa vista tem que ver com a linhagem patriarcal e matriarcal da famílias.
Dito de outro modo, aqui no Huambo – e pensamos ser assim em quase toda a parte do Sul e Centro de Angola – as pessoas, quando perguntadas sobre se são de que origem dizem, sempre que: – meu Pai é do Huambo, minha mãe é do Bié e eu nasci na Huíla!
É quase sempre assim. Aliás, os “daqui” saberão que são, mesmo, assinado.
Mais do que esta constatação, oportuna em nosso entender, precisamos olhar para os factores motivacionais desta realidade. Ou seja, os motivos que estiveram na base desta dispersão familiar aqui no Huambo, essencialmente.
Todavia, existem elementos que, inicialmente, nos podem levar a compreender o cenário.
Este elemento, em primeiro lugar é o conflito armado que assolou o País logo após a Independência e que, como sabemos teve um pacto considerável nesta parcela do País, provocando a fuga de homens e mulheres das suas aldeias nactivas para outras onde pudessem encontrar segurança e paz para viver.
Quer isto dizer que a vida militar a que as pessoas daqui foram obrigadas a cumprir, quer tenham estado do lado deste ou daquele partido – e que todos, entre homens e mulheres cumpriram – motivou a que nos seus novos “habitat” tivessem que construir famílias, unindo-se, desde logo, com parceiros(as) de origem diferenciada da sua (província).
É assim que o(a) tropa, natural do Bié, Benguela, Huambo, Kuando Kubango Kuanza Sul e parte do Moxico, normalmente, uniu-se com alguém desta mesma zona mas que não seja da sua terra natal em termos de províncias.
É, de facto, a realidade que não se encontra no norte, fundamentalmente, no Zaire, Uíge, Cabinda, Bengo, kuanza-Norte e parte de Malanje. Não, porque, como sabemos a trágica guerra civil teve impacto diferente nestas zonas e, por isso, não existem muitas pessoas de PAIS DO HUAMBO MÃES DO BIÉ ou Pais daqui Mães de lá!